ARTIGO – O QUE TODO PROFESSOR DEVE SABER – SÍNDROME DE BURNOUT

282

O QUE TODO PROFESSOR DEVE SABER – SÍNDROME DE BURNOUT

Neiff Satte Alam*

O professor, antes decidido, entusiasmado e com enorme vontade de dar o máximo de si para obter os melhores resultados de seu trabalho, profissionalismo associado a vocação, receita ideal para um excelente desempenho, repentinamente é surpreendido por um total desânimo. O comportamento do professor começa a se alterar, fica irritadiço, agressivo, desinteressado e totalmente desconcentrado. É um mau professor? Está na profissão errada? Não! Este professor está com todos os sintomas da Síndrome de Burnout.

A Síndrome de Burnout é o resultado de uma exaustão emocional provocada por estresse profissional. O termo burnout é uma composição de burn (queima) e out (exterior), sugerindo assim que a pessoa com esse tipo de estresse consome-se física e emocionalmente, passando a apresentar um comportamento agressivo e irritadiço. A autoconfiança, o humor e a concentração atingem índices de redução extremamente comprometedores e fazem com que o professor pareça irresponsável e desinteressado por seu trabalho, mas na verdade está acometido de uma doença provocada por fatores externos e que não podem ser controlados por ele, pois a causa está em uma estrutura/conjuntura educacional, social e econômica que tem mais a ver com a inexistência de políticas públicas que determinem uma real prioridade à Educação.

Naturalmente existem outros fatores que se associam à desvalorização do trabalho docente por parte dos agentes públicos. Vejam, por exemplo, a reação à Lei do Piso Salarial Nacional aos Professores da Educação Básica por parte dos governantes. Estes outros fatores foram detectados por pesquisas feitas em escolas como: políticas inadequadas da escola para casos de indisciplina; atitude e comportamento dos administradores; avaliação dos administradores e supervisores; atitude e comportamento de outros professores e profissionais; carga de trabalho excessiva; oportunidades de carreira pouco interessantes; baixo status da profissão de professor; falta de reconhecimento por uma boa aula ou por estar ensinando bem; alunos barulhentos e totalmente sem limites; lidar com os pais; entre outros. Esta mesma pesquisa identificou os sintomas que são percebidos imediatamente: sentimentos de exaustão, frustração, incapacidade; carregar o estresse para casa; sentir-se culpado por não fazer o bastante; irritabilidade.

Desta forma, o mais importante elo neste complexo trabalho de transportar as crianças do hoje para o amanhã, de forma a transformá-las em cidadãos dignos, respeitados e em condições de enfrentar as adversidades da vida de forma positiva, vencendo as resistências naturais às suas conquistas individuais, é preservar o professor de doenças sociais, como é o caso da Síndrome de Burnout. É uma tarefa para os políticos, governantes e educacionistas bem intencionados e que não transformam a luta por uma educação de qualidade em plataformas demagógicas de governo em suas campanhas eleitorais.

*Biólogo, professor de Biologia e especialista em Informática na Educação. Participa do Treze Horas desde a sua criação, em 1978.
neiff.olavo@yahoo.com.br