A MORTE DO JOCA
Ivon Carrico*
Causou forte indignação e revolta no País a estúpida morte desse cão, da raça Golden Retriever, quando do transporte pela GOL Linhas Aéreas Inteligentes S/A, do Aeroporto de Guarulhos/SP para desembarque em Sinop, no Mato Grosso.
Ao invés do destino aprazado, onde seria entregue ao seu Tutor, o Joca – entretanto – terminou sendo despachado para Fortaleza, quando permaneceu confinado em uma minúscula caixa, no pátio de estacionamento de aeronaves, aguardando ser recambiado para Guarulhos.
Todavia, sob um sol de 36° C, sem água e comida e, após 08h de infortúnios, veio a óbito, chegando morto no Aeroporto de origem.
O episódio foi tão grotesco que até o presidente Lula veio a público para manifestar a sua indignação, ocasião em que pediu providências ao Ministério dos Transportes e a ANAC.
Ora, difícil acreditar que a ANAC possa trazer uma resposta adequada, pois ela é, e tem sido a principal responsável por tantos desmandos no setor. Nunca é demais lembrar a renúncia coletiva da Diretoria desta Agência Reguladora, em 2007.
Hoje, por sua vez, diante da inércia da ANAC, temos uma descomunal judicialização das reclamações dos passageiros, indignados por tantos atrasos e cancelamentos de voos, perdas de bagagens, trocas de etiquetas, preços assombrosos dos serviços aéreos e dos aeroportos.
O despudor é tanto que, na Região Norte, essas transportadoras aéreas – simplesmente – têm deixado de operar voos naquelas latitudes por conta desse ativismo judicial e, não se tem notícias alvissareiras de providências da ANAC – para preservar o interesse público.
O Joca, infelizmente, foi tratado como uma carga inerte. Mas, sua história ficará indelével. Como a do cão Hachiko, descrita no filme ‘Sempre ao seu lado’, com Richard Gere.
*Ivon Carrico é pelotense, mora em Brasília, atuando na administração há quase 50 anos. Atuou na ANVISA e na Presidência da República. Brasília: 25/04/2024