ARTIGO – AS CENAS PLÁSTICAS DESSE GENIAL LIONEL MESSI!

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O craque Lionel Messi abriu o marcador contra a Croácia cobrando penalidade com perfeição. Foto: Internet
Clayton Rocha.

AS CENAS PLÁSTICAS DESSE GENIAL LIONEL MESSI!
A América do Sul encantando o mundo

Clayton Rocha*

ARGENTINA na final de 2022!
Em 1978, Argentina Campeã do Mundo. Eu estava lá.
Em 1986, Argentina Campeã do Mundo, mais aquele formidável Diego Armando Maradona. Eu estava lá.
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Sucessão no Vaticano, dia 13 de 03 de 2013!
Jorge Mário Bergoglio, Cardeal Arcebispo de Buenos Aires, é eleito papa! O 1º papa da América! O argentino que escolheu o nome de Francisco, aconselhado pelo cardeal gaúcho Dom Cláudio Hummes, seu exemplar amigo. EU TAMBÉM ESTAVA LÁ.
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Empolgo-me com a admirável Argentina de Jorge Luís Borges, esse escritor consagrado mundialmente que permanece vivo em suas obras graças aos sinais inesgotáveis de sua genialidade.
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Pois até mesmo em sua despedida eu estava lá, transmitindo através do microfone da rádio Gaúcha de Porto Alegre aquele adeus ao símbolo argentino da literatura mundial, naquele silencioso Cemitério de Plains Palais de Genebra, no já distante junho de 1986.
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Movido pelas boas lembranças, as que se concentram nas livrarias de Buenos Aires, não posso deixar de citar José Ingenieros, esse italiano que fez da Argentina a sua segunda pátria, engrandecendo as melhores páginas da literatura sul-americana através de obras geniais e sempre atuais, além de passagens bordadas a ouro: – Nem todos se extasiam, como eu – dizia ele – ante um crepúsculo, nem sonham ante uma aurora, nem vibram ante uma tempestade; nem todos gostam de passear com Dante, rir com Molière, tremer com Shakespeare, crepitar com Wagner; nem emudecem diante do David, da Ceia ou do Parthenon.
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É dada a poucos essa inquietude de perseguir avidamente alguma quimera, venerando filósofos, artistas e pensadores, que fundiram, em sínteses supremas, suas visões de ser e da eternidade, voando mais além do real. Os seres dessa estirpe, cuja imaginação se povoa de ideais e cujo sentimento polariza em direção a eles a personalidade inteira, formam uma raça à parte na humanidade:- São idealistas. E quem se sentir poeta, definindo sua própria emoção, poderá dizer que o ideal é um impulso do espírito no sentido da perfeição.
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Por fim, nesta hora dourada em que a Argentina garante-se na final da Copa do Mundo – vale lembrar que é do equilíbrio entre a inspiração e a sabedoria que nasce o gênio. E que nas grandes horas de uma raça ou de um homem – e penso hoje em Lionel Messi – a inspiração é indispensável para criar, pois essa faísca se acende na imaginação e a experiência a converte em fogueira. Todo o idealismo é, portanto, uma ânsia de cultura intensa; embora tenha, entre os seus inimigos mais audazes, a ignorância, essa eterna madrasta de obstinadas rotinas.
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Todo idealismo é exagerado, e precisa sê-lo, ensinou-nos Ingenieros, porque deve ser quente a sua linguagem, na medida em que nunca foram débeis os gênios, os santos e os heróis. Para criar uma partícula de virtude e de genialidade é necessário um esforço original e intenso, aquele que nos permite compreender – em primeiríssimo lugar – que a beleza é uma verdade animada pela imaginação, mais do que pela experiência.
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Avante, portanto, exemplar Argentina! Pois quem tem Lionel Messi no campo dos seus sonhos, poderá testemunhar a cena plástica que nesses espaços fica encantada, além de repassá-la aos espaços mais nobres de sua própria imaginação. (CR).

*Jornalista e apresentador do Treze Horas desde a sua criação em 1978.