ARTIGO – A DIFÍCIL DECISÃO

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A DIFÍCIL DECISÃO

Neiff Satte Alam*

Este ano letivo está fadado ao fracasso, pois, exceto um reduzido número de Escolas Particulares de Educação Básica, praticamente todas as Escolas Públicas estão dissonantes da realidade imposta pela Pandemia da COVID-19.Para discorrer sobre o tema, parto da seguinte premissa: “Fugir de uma prisão linear e ingressar em um complexo não-linear é a grande dificuldade a ser enfrentada, mas que possui um importante aliado, o computador e a porta por este aberta para que os caminhos da informação se abram em uma rede planetária e globalizada. Aberta esta porta, escancaradas as possibilidades de informação e, na mesma proporção, de conhecimento, poderemos iniciar a tarefa de autores e leitores interagirem eletronicamente, dando mobilidade ao conhecimento, agilizando os caminhos da complexidade tanto no campo social, como no campo político e permitindo um avanço de ideias que resultem verdadeiramente em desenvolvimento, que dê melhor qualidade e satisfação de vida às pessoas”. Premissa que nos remete a seguinte reflexão: A única forma encontrada para dar sequência às atividades escolares da Educação Básica, foi o Ensino Remoto. Tal atividade exige uma preparação anterior do complexo aluno/escola, que não aconteceu. As Escolas Públicas iniciaram um aparelhamento técnico com a construção de salas de informática, mas não prepararam os Professores para uma tarefa integrada entre as necessidades de ensino-aprendizagem e as Tecnologias de Informação e Comunicação, que vão para além das máquinas.

O pensamento linear ainda predomina, isto é, nossos Professores e alunos não estão conectando a atividade presencial com as possibilidades de não-linearidade permitida pelas tecnologias de informação e comunicação disponível. Não estão percebendo a necessidade de interação com uma terceira dimensão do pensamento, que é proposto e representado pelo computador na forma de hipertexto.

Pois bem, com esta reflexão e analisando a realidade do Ensino Remoto que vem sendo proposto e até tentado, mas que não alcançou um mínimo de ensinamento, pois a construção de conhecimentos e competências não vem ocorrendo, fica claro que até este mês de agosto o processo de ensino/aprendizagem não ocorreu. Isto é o que vêm apontando os Professores, principalmente da Rede Pública, em suas manifestações por diversos meios, inclusive em Audiências Públicas.Considerando esta realidade, fatos incontestáveis, é fácil concluir que tentar dar sequência a este Ano Letivo é o pior caminho para podermos retomar a um ensino de melhor qualidade e melhores resultados. Perderíamos, na melhor das hipóteses dois anos, mas, se interrompermos este ano e refazê-lo em 2021, colocaríamos nossos alunos de volta aos melhores procedimentos pedagógicos e ainda teríamos a oportunidade de rever os procedimentos com inclusão de métodos on-line, em uma interação mais adequada com uma predominante presencialidade.

Trata-se de uma decisão difícil e que exigiria participação ativa de todos os Professores, tanto para preparar o próximo ano, como para preparação para os anos seguintes. Reforço a importância de uma nova forma de pensar: do Pensamento Linear para o Pensamento Não-Linear, se assim não for, de nada adiantará a lição penosa que nos impôs a fatalidade de uma Pandemia!

*Professor e integrante da Equipe Treze Horas