ARTIGO – A DEMOCRACIA NA GELADEIRA

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A DEMOCRACIA NA GELADEIRA
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Ivon Carrico*
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Já se vão 200 anos do heróico brado às margens do Ipiranga. Mas, difícil imaginar estas paragens como a terra prometida. Certo que por estas terras já jorrou muito leite e mel. Mas, para poucos.
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Desde os primórdios do descobrimento até os dias atuais, pouco mudou neste País nessa seara.
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Assim, não há ufanista que consiga traduzir para a lógica e o bom senso o estabelecimento de tantos privilégios para determinados estratos sociais e segmentos econômicos e, ainda, Corporações incrustadas no Estado.
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Daí, que muito atual a leitura do nosso Gilberto Freyre. A sua casa grande e senzala persiste. Só que, hoje, com nova roupagem.
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Mudam os ciclos históricos, mas não mudam as mentalidades dos tantos e sucessivos senhores de engenho, ops digo, governantes.
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Que democracia é esta que atende e sempre atendeu às expectativas de uns poucos?
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Difícil acreditar que tão somente  o simples exercício do voto consuma o ato democrático. Tão ou mais importante que o voto é se ter alguém digno, decente e com propostas para recebê-lo.
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E, também, saber quais os interesses que essa pessoa representa e como irá patrociná-los. Para não se ter um governo para poucos.
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O estabelecimento do Brasil como Nação, em 1822, trouxe significativos avanços para o País. Principalmente no campo econômico. Mas, não trouxe a desejada equidade social. Essa equação não fecha. Parece que a nossa democracia ainda está guardada na geladeira.
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*Ivon Carrico é pelotense, mora em Brasília, atuando na administração há quase 50 anos. Atuou na ANVISA e na Presidência da República. Brasília: 21/08/2022