ARTIGO – O TELEFONE VERMELHO

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O TELEFONE VERMELHO
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Ivon Carrico*
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Muito se tem falado da Guerra da Ucrânia. Mas, em 1962 quando a finada União Soviética fincou mísseis nucleares em Cuba (a 140 km da Florida) e, onde – em 1959 – Fidel Castro instalara um regime socialista, os Estados Unidos determinaram o imediato bloqueio militar e econômico da ilha caribenha, forçando – assim – a retirada das tropas e armamentos soviéticos.
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Esse ‘imbróglio’ ocorreu em face da extremada polarização ideológica, chancelada  pela chamada ‘Guerra Fria’, que – no pós-guerra – dividia o mundo. Em 1949 o Ocidente já criara a OTAN para frear e conter o expansionismo socialista no Leste Europeu.
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Sendo assim, diante dessa lógica, a provocação da União Soviética – àquela ocasião – foi uma resposta, também, aos americanos pela invasão da Baía dos Porcos, em Cuba, e pela instalação de mísseis na Turquia e outros países, em 1961, ou seja, na antessala da fronteira soviética.
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Serenado os ânimos, nos 02 lados do Atlântico, entenderam essas Superpotências pelo estabelecimento de uma linha direta de comunicação entre a Casa Branca, em Washington DC, e o Kremlin, em Moscou para aplacar diretamente as divergências e evitar maiores conflitos.
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Era o chamado ‘Telefone Vermelho’. Que, na realidade, não era um telefone e, sequer, vermelho. Era um teletipo. Que era o top da comunicação do momento.
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Hoje, a Internet conectou o mundo. Vivemos em uma aldeia global, como diria o Acadêmico canadense McLuhan, onde a comunicação instantânea está  rompendo fronteiras geográficas, culturais, sociais e outras.
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Todavia, apesar da atual conectividade, parece que faltou um ‘Telefone Vermelho’, ops digo, um ‘Celular Vermelho’, entre Moscou e Kiev. Daí que a proximidade da Ucrânia do Zelensky com o Ocidente incomodou e inflamou alguns sentimentos no Kremlim, ensejando essa infame e anacrônica guerra.
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Mas, agora há pouco, chegou em nossa Capital Federal o Chanceler russo Serguei Lavrov para audiência com o Lula, que – por sua vez – acaba de ser recebido pelo Xi Jin Ping, na China.
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Tomara que se possa discutir, também, uma nova comunicação nas relações internacionais para a retomada do diálogo e do entendimento entre nações.
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*Ivon Carrico é pelotense, mora em Brasília, atuando na administração há quase 50 anos. Atuou na ANVISA e na Presidência da República. Brasília: 17/04/2023
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