ARTIGO – O BRASIL E A QUESTÃO PALESTINA

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O BRASIL E A QUESTÃO PALESTINA

Ivon Carrico*

Difícil falar sobre esse imbróglio. Confesso que há décadas acompanho os acontecimentos por lá. Desde tenra idade sempre tive muita curiosidade sobre todas as nuances envolvidas.

Daí que me interessei para saber alguma coisa, tanto da cultura e da história judaica, como da árabe. Em especial, dos povos que, desde tempos bíblicos, ocupam aquelas terras.

Por este inusitado interesse estive em Israel e na Cisjordânia, em outubro de 2012. Vi de perto o ‘modus vivendi’ por aquelas paragens. Muito progresso em Israel. Um Estado organizado e, realmente, a única democracia por aquelas latitudes. Já na Cisjordânia vi muita angústia e falta de perspectiva diante da ocupação israelense.

É complicado querer estabelecer um ‘marco temporal’ para justificar a ocupação da Palestina por judeus e/ou árabes. Mas, se for para recorrer à história tenho que o judeu, em princípio, seria o povo originário. Como os nossos indígenas, aqui.

Os árabes, ou outro povo camita, teriam chegado bem depois. Mas, isso seria um pretexto para invalidar a presença deles lá? Caso positivo, vamos ter de devolver, então, o Brasil… Aos nossos povos originários. E, quem sabe, estabelecer uma nova Capital. Talvez, no Xingu!!!

Daí, então, que me parece indevido o sonho do Netanyahu de querer estabelecer o ‘Eretz Israel’, ou seja, o grande Israel, dos tempos pretéritos. Os árabes – ou melhor, os Palestinos – não têm nenhuma culpa pela Diáspora judaica ocorrida. Essa fatura não é pra eles.

Então, o mais adequado e mais justo, é a existência de 02 Estados – um palestino, outro israelense. Como há muito deseja a ONU e, há muito, sucessivos governos brasileiros têm defendido essa ideia em todos os fóruns internacionais.

Os últimos acontecimentos decorrem dessa coisa mal resolvida que foi a partilha da Palestina. Desde a ocupação otomana, perpassando pelo Império britânico e pela Carta da ONU. O Governo Lula está correto ao defender esse propósito e por denunciar ao mundo, tanto as atrocidades do Hamas, como as do Governo Netanyahu.

*Ivon Carrico é pelotense, mora em Brasília, atuando na administração há quase 50 anos. Atuou na ANVISA e na Presidência da República. Escreve de Brasília – 15/11/23.