ARTIGO – 13 DE MAIO DE 1981 / 13 DE MAIO DE 2021

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13 DE MAIO DE 1981 / 13 DE MAIO DE 2021.
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40 ANOS DO ATENTADO QUE COMOVEU O MUNDO!
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Por Clayton Rocha
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Naquele que era o terceiro ano de seu pontificado, João Paulo II foi impiedosamente atingido por Mehmet Ali Agca na praça de São Pedro. Aquele 13 de maio de 1981 deixou o mundo em suspense. E a data histórica – consagrada a Nossa Senhora de Fátima – deu-lhe uma certeza: devoto que era da Santa, ele iria sobreviver!
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Pois em seus 26 anos 5 meses e 17 dias de pontificado, o terceiro mais longo da história da Igreja, Karol Wojtyla, o antigo Arcebispo de Cracóvia, daria demonstrações de gratidão à Santa portuguesa, rendendo-lhe todas as homenagens possíveis. Ele viajou pelo mundo e foi o primeiro papa a visitar o Brasil, tendo beijado o solo de treze capitais de Estado e do Distrito Federal em 1980. Aquele “Ucho, Ucho, Ucho, o papa é gaúcho”, entoado pelo jovem padre Jacinto Bergmann, hoje Arcebispo de Pelotas, ainda se faz presente na memória dos que viveram a grandiosidade daquele dia.
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E depois, muitos anos depois, viriam Montevidéu e Mello, a capital uruguaia e aquela outra cidade ao lado de Jaguarão, endereços que hospedaram o Santo Padre, desta feita acompanhado do presidente da CNBB Dom Jayme Henrique Chemello, Bispo de Pelotas. E sem esquecer que aquele 8 de maio de 1988 merece um registro à parte lá na cidade de Mello: o escritor Aldyr Garcia Schlee, um apaixonado filho de Jaguarão, inspirou-se e escreveu o livro “O dia em que o papa foi a Mello”, depois transformado em filme, “O banho do papa”, e cujos originais, que me foram presenteados, ocupam lugar de honra em minha biblioteca caseira.
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João Paulo II, eleito naquele distante 16 de outubro de 1978, foi um papa muito presente em minha própria história de vida: eu o acompanhei, em missão profissional, quando de suas andanças por treze Estados, mais Brasília, além das jornadas na Argentina, Guerra das Malvinas; e no Uruguai. Sem que eu jamais tivesse retirado da memória aquela marcante manchete de capa do DIÁRIO POPULAR, por mim selecionada naquele outubro romano de 1978: – 3 PAPAS EM APENAS 3 MESES EM 2.000 ANOS DE HISTÓRIA DA IGREJA!
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Desde 2 de abril de 2005, a data de sua morte, venho recolhendo lembranças e episódios decisivos de um Pontificado que ajudou a mudar a própria história do mundo. O que me faz ter a ideia de que o seu nome não será escolhido por um outro Pontífice, na medida em que o seu período marcante esgota-se nele mesmo.
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Neste 13 de maio de 2021, data do 40º aniversário do atentado ocorrido na Praça de São Pedro, antevejo o 43º aniversário do Debate 13 Horas, criado por uma emissora católica lá naquela Cidade Eterna que talvez jamais tenha imaginado a hipótese de ter convivido em apenas três meses – com três Pontífices: Paulo VI, João Paulo I e João Paulo II, numa época diferenciada e surpreendente para a Igreja de Pedro.
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Toda vez que meus pensamentos concentram-se nessas jornadas memoráveis, costumo agradecer a Deus pelo privilégio de ter transmitido, no auge de minha juventude, eventos de tamanha significação para o mundo católico. E sem esquecer de dizer, por conta do alto significado desta data, que aquele menino do Cerrito guardará para sempre a generosidade daquele conselho de Dona Marina Bernardi da Costa, a sua madrinha de batismo: – “Meu filho, vá até onde puder ver; pois quando lá chegar poderá ver ainda mais longe”. E jamais deixe de lembrar que, para se ter vida longa, é preciso viver devagar. (CR)