A comitiva do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul (Simers), liderada pelo diretor do Interior da entidade, Luiz Alberto Grossi, esteve em Pelotas, reunida com o Ministério Público Estadual. O grupo foi recepcionado pelo promotor André Barbosa de Borba, responsável por pautas da Saúde. Na pauta, questões de interesse da categoria, as condições de trabalho nos espaços públicos de saúde, a crise de anestesiologia em hospitais do Município, fechamento de residências médicas, questões burocráticas envolvendo a Ebserh, entre outros temas.
“Viemos aqui propor uma parceria. Nosso Sindicato preza por defender o médico, pois defender o médico é defender a saúde.Nos preocupa muito as questões de saúde em Pelotas”, disse o diretor de Interior do Simers, Luiz Alberto Grossi, que esteve acompanhado pelo diretor da Região Sul, Marcelo Sclowitz. “A questão dos anestesistas a gente tem visto com muita preocupação”. afirmou Grossi, acrescentando que a ausência de anestesistas gera efeito dominó capaz de provocar um colapso no sistema.
Sclowitz, profissional que atua nos serviços de Saúde no Município há mais de 20 anos, garantiu ao promotor que vivencia os gargalos no sistema. O especialista em ginecologia e obstetrícia, trabalha no Hospital Escola, é funcionário da Ebserh, faz plantão obstétrico e é chefe do Núcleo de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital Universitário São Francisco de Paula.
Além da crise com anestesistas, Grossi recomendou no encontro a atenção a outras duas especialidades: pediatria e obstetrícia. “Temos de nos preparar para crises envolvendo esses profissionais”, alertou. Segundo ele, como não há procedimento, o pediatra ganha pouco e ainda é muito visado judicialmente. “Com o obstetra a mesma coisa”, lamentou. O diretor defende como alternativa a criação, já adotada em cidades maiores, de centros de emergência para atender a demanda por esses profissionais.
UPA Areal e PS
Problemas envolvendo a Unidade de Pronto Atendimento na UPA Areal também mereceram destaque no encontro com o promotor André de Borba. Marcelo Sclowitz citou que a maioria dos problemas levantados pelo Simers são trazidos ao Sindicato pelos próprios colegas, embora várias vezes representantes do Sindicatos estiveram em visita à unidade.O diretor reiterou que em situações de pico, a situação fica insustentável. “Precisaria de mais gente para atender”, aponta. Com uma quantidade limitada de profissionais, ocorre sobrecarga no atendimento e a situação se agrava. O descontentamento dos pacientes que procuram a UPA não raro se torna agressivo. O Simers dispõe de vídeos de pessoas ameaçando depredar a unidade pela demora no atendimento. Em alguns casos, chegam a passar uma madrugada inteira à espera”, disse Marcelo Sclowitz.
O subfinanciamento do SUS também foi mencionado. De acordo com Sclowitz, os quatro maiores hospitais do Município apresentam déficit em torno de R$ 4 milhões por mês. “É grave, os hospitais vão remando e não conseguem fazer manutenção de estrutura e de equipamentos, que são coisas importantes em serviços de saúde”, afirma.
A situação do Pronto Socorro não passou despercebida. Para o diretor de Interior do Simers, o quadro não condiz com a arrecadação e com o porte de uma cidade como Pelotas. “Aquele panorama, com pacientes em macas nos corredores, juntamente com os familiares, é desumano – não pode ser aquela a estrutura de um Pronto Socorro referência para um milhão de pacientes”, criticou Grossi.
Em 30 dias, o Simers apresentará ao promotor uma atualização das questões levantadas durante o encontro. “Objetivo é dar ordem a procedimentos que visem solucionar os problemas enfrentados na área da Saúde pública no Município”, justificou.