ANTONIO FERREIRA VIANNA, ministro da Justiça, um filho de Pelotas. – Era prazeroso escutar Ferreira Vianna. Ora pregador, ora tribuno, ora palestrador, brincava com a palavra, e a coloria, e a torcia, e a meneava como perito artista o seu dócil instrumento… A arte refinada deste eminente mestre da palavra muito encantou seus contemporâneos. Os filósofos e os poetas da democracia não dispunham de outros instrumentos de defesa que a pena e a imaginação, a palavra e eloquência que o entusiasmo inspira: o coração agitado e o cérebro ardente.
FERREIRA VIANNA, o pelotense que assinou a Lei Áurea ao lado da Princesa Isabel teve o seu nome incluído (1880/ 1889) entre os 5 Grandes Tribunos daquele período: RUI BARBOSA, AUGUSTO OLÍMPIO GOMES DE CASTRO, DOMINGOS DE ANDRADE FIGUEIRA, JOAQUIM NABUCO e ANTÔNIO FERREIRA VIANNA. Considerado completo ator da tribuna, possuía em sua lira todas as cordas – a cômica, a dramática, a trágica. Figura socrática, enigmática, expressiva mas desconcertante, fazia pensar na célebre sentença: – a palavra foi dada ao homem para encobrir o pensamento. Encetava o discurso lentamente, a voz cava, o ar humilde e monacal, olhos baixos, imóvel como a suplicar misericórdia. Estabelecia-se imediato silêncio: afinavam todos o ouvido para não desaproveitar uma sílaba daquelas ponderosas revelações. A pouco e pouco a dicção se avolumava, ganhava consistência, o gesto ia-se desprendendo e se inflamando. Dava gosto escutar o pelotense Antônio Ferreira Vianna.
Antônio Ferreira Vianna – Pelotas, 11 de maio de 1833 – Rio de Janeiro, 10 de novembro de 1903. Foi magistrado, jornalista e político. Estudou no Colégio Pedro II, no Rio e depois na Faculdade de Direito de São Paulo, onde formou-se em 1855. De volta ao Rio foi nomeado promotor público da corte. Ao final de quatro anos retornou à advocacia e entrou para o jornalismo político, onde colaborou com o Correio Mercantil. Depois foi chefe da redação do Diário do Rio de Janeiro, atacando o ministério de Zacarias Vasconcelos.
Foi deputado, presidente da câmara municipal, Ministro da Justiça e do Império. De espírito filantrópico, fundou escolas, hospitais, asilos, orfanatos e albergues, além de ter defendido a causa da abolição da escravatura. Foi o autor do projeto de Lei de Abolição da Escravatura no Brasil, promulgada em 13 de maio de 1888 pela Princesa Isabel. Por esse motivo, o Centro Acadêmico da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pelotas recebeu seu nome. Fundou e dirigiu, com Andrade Figueira, o jornal A Nação, e depois da Proclamação da República colaborou com o jornal O Paiz, com o pseudônimo Suetônio, escrevendo uma série de artigos sobre o antigo regime.