AGRACIADOS COM O PRÊMIO 300 ONÇAS: JORNALISTA CLAYTON ROCHA, DRA. LUCIANA GASTAUD E CMPC

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A distinção tem a forma cunhada com a logomarca 300 Onças.

O Instituto João Simões Lopes Neto, presidido por Carlos Francisco Sica Diniz, realiza às 20h de hoje, em sua sede, (rua D. Pedro II, 810) cerimônia de entrega do Prêmio 300 Onças.

Os homenageados deste ano com a honraria literária, que marca um dos mais famosos contos do escritor pelotense e patrono do Instituto, são o jornalista Clayton Rocha, coordenador do Treze Horas; a juíza Luciana de Abreu Gastaud e a CMPC CELULOSE. A distinção tem a forma cunhada com a logomarca 300 Onças e foi outorgada pela primeira vez em 2005 ao ex-prefeito e ex-deputado estadual Bernardo de Souza.

O presidente do Instituto João Simões Lopes Neto, Carlos Francisco Sica Diniz, destaca que os laureados foram escolhidos por terem contribuído para divulgar as ações do Instituto.

Jornalista Clayton Rocha teve a ideia de denominar o Aeroporto de Pelotas de João Simões Lopes Neto, através de Lei do então Deputado Federal Fernando Marroni.
Dra. Luciana de Abreu Gastaud, juíza de direito, que assinou a desapropriação da casa onde residiu João Simões Lopes Neto e onde hoje funciona a sede do Instituto.
CMPC Celulose tem sido importante parceira do Insituto João Simões Lopes Neto. A empresa com sede em Guaíba, tem na região sul, uma larga estrutura de fornecedores de matéria prima, utiliza o Porto de Pelotas e mantém fortes vínculos com atividades da comunidade.

Discurso de Clayton Rocha por ocasião da outorga do Prêmio 300 Onças:

DISCURSO JOÃO SIMÕES LOPES NETO – PRÊMIO 300 ONÇAS

SENHORAS E SENHORES

ESTA SOLENIDADE DE CONCESSÃO DO PRÊMIO TREZENTAS ONÇAS IMPÕE RETORNO A OUTRA ÉPOCA. A UM TRECHO DE NOSSAS VIDAS EM QUE SE AVOLUMAM BIOGRAFIAS E ACONTECIMENTOS PASSADOS, CURIOSAMENTE MAIS EVIDENTES QUANTO MAIS DISTANTES NO TEMPO.

É ENORME A QUANTIDADE DE IMAGENS QUE RETORNAM, QUANDO JÁ PARECIAM DESAPARECIDAS PARA SEMPRE. SOMOS GUARDIÕES INCONSCIENTES DESSAS REMINISCÊNCIAS, SOMOS OS RESPONSÁVEIS POR SUA SOBREVIVÊNCIA. E DENTRE ESSAS IMAGENS AINDA OUÇO MUITAS VOZES SAUDANDO A CRIATIVIDADE E O GÊNIO LITERÁRIO DE JOÃO SIMÕES LOPES NETO. ÀS VEZES, É PRECISO LEMBRAR QUE EM ALGUNS MOMENTOS – TRISTEMENTE POUCOS – ESSE AINDA É UM MUNDO ONDE CONTAM MAIS OS AFETOS DO QUE OS CONCEITOS.

O VERDADEIRO ALICERCE DESTA CASA DA RUA DOM PEDRO II NÃO É A PEDRA QUE FISICAMENTE A SUSTENTA, É A SUBSTÂNCIA ANÍMICA DA ADMIRAÇÃO COLETIVA, QUE AGORA E SEMPRE, COLOCA SIMÕES LOPES NETO DE PÉ SOBRE O TEMPO, A VALER POR SI E POR SUA EXTRAORDINÁRIA CONDIÇÃO DE ESCRITOR ÚNICO, NA SENDA DA ARTE PROFUNDA E NA FEIRA DAS CONTRADIÇÕES HUMANAS.

NÃO É PRECISO CONTAR AOS PELOTENSES QUEM FOI SIMÕES LOPES NETO, NA VIDA E NA ARTE, OU QUEM FOI SIMÕES NO TEMPO E NA HISTÓRIA. ELE PASSOU, AO LADO DE SEUS CONTEMPORÂNEOS, EM SILÊNCIO, QUASE ANÔNIMO. O ECO DE SUA MENSAGEM DE BELEZA SE PERDEU NOS HORIZONTES PROVINCIANOS DO RIO GRANDE. É POSSÍVEL, QUANDO A LÁPIDE CAIU SOBRE SEU TÚMULO, QUE QUASE TODOS PENSASSEM QUE TUDO TINHA ACABADO. QUANTAS VEZES, PORÉM, COMO DIZ O POETA, É AÍ QUE TUDO PRINCIPIA! A VIDA É FALAZ, NOS SEUS JULGAMENTOS; MAS, A HISTÓRIA É ESCRUPULOSA NOS SEUS JUÍZOS.

A POSTERIDADE, COM AS SUAS GENTILEZAS, CONDUZIU O ESCRITOR PELOTENSE PELA MÃO, E O TROUXE ATRAVÉS DOS TEMPOS ATÉ HOJE, ATÉ ESTA CELEBRAÇÃO. TROUXE-O PARA O MEIO DO POVO, QUEBRANDO A CROSTA DE MODÉSTIA QUE REVERTIA SEU CARÁTER, EXPONDO-O AOS OLHOS DA CRÍTICA NA INTEGRIDADE RECATADA DA SUA EXISTÊNCIA FÍSICA E INTELECTUAL.
FOI AÍ QUE SIMÕES LOPES ENCONTROU O PRIMEIRO DEGRAU PARA A GRANDE ESCALADA, PRIVILÉGIO DOS HOMENS TANGIDOS PELA MAGIA DA PREDESTINAÇÃO.

ESTAMOS RECUPERANDO PÁGINAS ETERNAS, ESCRITAS COM UMA PROFUNDA DEVOÇÃO REGIONALISTA, GRAÇAS ÀQUELE QUE PÔS NA BOCA DO PEÃO COISAS ESQUECIDAS, RESSUSCITANDO TERMOS, EXPRESSÕES E MODISMOS DA ÉPOCA EM QUE AS FRONTEIRAS DO SUL, OSCILAVAM DIA A DIA, CONFORME AS ESTRELAS DAS ARMAS.

NESTA CASA, NESTE INSTANTE, ESTAMOS EM VERDADE HOMENAGEANDO UM ESCRITOR SINCERO, FORTE E SUPERIOR, QUE CONTOU A SUA VERDADE COMO PÔDE, QUANDO PÔDE E ONDE PÔDE, E SEMPRE SABENDO DIZÊ-LA.

SE FAZER JORNALISMO É PRODUZIR MEMÓRIA, SINTO-ME MUITO A VONTADE NESTE ATO SOLENE: CONTINUO CUMPRINDO COM O MEU DEVER PROFISSIONAL. E SE EU DEVESSE REGISTRAR, NESTA FALA, UMA SÓ SENTENÇA, EM HONRA DE SIMÕES LOPES, EU DIRIA A ELE, DE MICROFONE EM PUNHO: JAMAIS SE SOBE TÃO ALTO COMO QUANDO SE IGNORA ATÉ ONDE SE SOBE.

SOU GRATO A TODOS QUE ESCOLHERAM MEU NOME PARA ESTE RECONHECIMENTO.

TREZENTAS ONÇAS É O NOME DO CONTO DO NOSSO GRANDE ESCRITOR, E TAMBÉM DESTE PRÊMIO, E TREZE É COMO SE FAZ CONHECIDO O DEBATE QUE CONDUZO HÁ QUASE QUARENTA E QUATRO ANOS.

O NÚMERO TRÊS ESTÁ NESTA AGRADÁVEL ATMOSFERA, VEJAM – NO CONTO, NO PRÊMIO, NA LEI 13.113 QUE DÁ NOME AO AEROPORTO, E NO PRÓPRIO DEBATE – MAS ESTÁ MESMO – COMO UM NÚMERO QUALQUER, SOMADO A TODOS OS INFINITOS AGRADECIMENTOS QUE LHES DIRIJO AGORA.

SENHORAS E SENHORES

SE O CARÁTER DE UM HOMEM É SUA DIVINDADE GUARDIÃ; SE A GRATIDÃO É A MEMÓRIA DO CORAÇÃO INSPIREMO-NOS EM CÍCERO, AQUELE QUE VAI MAIS ALÉM: ELA, A GRATIDÃO, NÃO É APENAS A MAIOR DAS VIRTUDES, MAS A FONTE DE INSPIRAÇÃO PARA TODAS AS OUTRAS.

GRATIDÃO, EIS A PALAVRA QUE SERVE PARA MOSTRAR O MEU ESTADO DE ESPÍRITO NESTE INSTANTE!