ARTIGO – GOVERNANÇA E LIDERANÇA

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Governança e Liderança

Eduardo Gil Carreira*

A Governança tem a liderança como um dos mecanismos para seu exercício, conjuntamente com a estratégia e controle. Liderar competentemente é crucial para garantir a eficiência, eficácia e efetividade na implementação de políticas públicas. A busca de tempos melhores de uma administração inovadora, pressupõe a incorporação de novas tecnologias, abordagens e ideias para resolver desafios, e sincronicamente passa pela capacitação dos agentes públicos para funções que são encarregados – seja pela qualificação, aptidão ou mérito.

O cidadão, aquele que deve ser satisfeito e atendido pela máquina administrativa, anseia por melhores resultados em áreas essenciais com reatividade, desejando que o interesse público sempre prevaleça. A liderança eficaz na governança pública requer uma combinação de habilidades de tomada de decisões, comunicação, responsabilidade e visão estratégica. O agente deve possuir experiência no tema a ele atribuído, visão prática, saber enciclopédico, ser proativo e ter condições de avaliar os ambientes e contribuir para otimização do ganho da eficiência e a qualidade do gasto público. Deve também traçar um diagnóstico da administração para sinergicamente instrumentalizar e construir agenda comum para melhorar o desempenho, com o propósito de contribuir para o desenvolvimento e benefícios aos cidadãos. Além disso, a governança pública deve ser um processo contínuo de adaptação às necessidades da sociedade e busca constante pela melhoria. A perspectiva mais ampliada para traçar um diagnóstico das demandas sujeitadas à administração, instruem o planejamento estatal nas áreas de impacto na sociedade, resultando em ações governamentais que superem os desafios e entraves. A visão sistêmica fortalece as condições de avaliar os ambientes e contribuir no aprimoramento das estruturas, identificando os problemas, aperfeiçoando a análise das oportunidades de soluções com o objetivo finalístico da conquista de eficiência pública.

A Constituição determina um grande conjunto de competências e atribuições ao Chefe do Executivo – torando-o politicamente responsável por atos atentatórios à boa governança. Em administrações com notória falta de governança vislumbra-se efeitos danosos amplificados pela situação crítica de conservação e manutenção dos bens públicos. Não pode a governança – na essência da palavra, dada a relevância do tema para melhoria da qualidade do gasto público, equilíbrio social e desenvolvimento sustentável, ser irresponsavelmente maculada enquanto da utilização indevida da estrutura pública em benefícios próprios ou mesmo eleitorais. O dado de que apenas 16% dos agentes públicos são habilitados para as funções que exercem, com capacidade intelectual de discutir temas de interesse da sociedade e não de determinado grupo, potencializa os eventuais erros ao avaliar situações e mau uso do dinheiro público. A consciência política deve ser focada no servir aos cidadãos, divergente da ideia de políticos que trabalham apenas para partidos, destoando da razoabilidade e valorizando a lealdade dos incompetentes.

Fortalecer as práticas de liderança, com uma ação harmônica e coordenada, contribui para boa governança, com transparência e aplicação de recursos de forma regular em benefício da população. Bons sistemas de governança aumentam a confiança na administração e a credibilidade política, atraem investimentos e satisfazem os contribuintes pelo adequado retorno dos impostos e taxas.

*Eduardo Gil da Silva Carreira
Voluntário da Rede Governança Brasil
Pós-Graduando em Governança Pública – EBRADI