A GRANDE MURALHA
Ivon Carrico*
Nos próximos dias o Presidente Lula estará em Pequim para a retomada do diálogo com a China, País que – desde 2009 – se tornou o nosso principal parceiro comercial, para onde vão quase ⅓ das nossas exportações.
As trocas comerciais entre os 2 Países, em 2022, atingiram quase U$172 bilhões. Algo muito expressivo. Daí a relevância desta visita de Estado àquele País asiático.
Com a morte do Mao TseTung, em 1976, e a ascensão do Teng Hsiao Ping ao Poder, entre 1978 e 1992, significativas reformas possibilitaram a abertura da Grande Muralha ao mundo.
Assim, de uma economia quase rural, primária, passou a um dos principais ‘players’ da cena política e econômica internacional.
Para tanto, adotou um formidável pragmatismo em suas relações. Algo impensável se imaginarmos que, desde o antigo Império do Meio até a Revolução Cultural, nos idos das décadas de 1960/70, sempre fora um País fechado, recluso.
A emblemática Grande Muralha é o símbolo maior desse isolamento. Mas, com certeza, a barreira idiomática, também o foi.
Hoje, todavia, com os formidáveis indicadores econômicos que têm desbancado os Estados Unidos e a União Europeia, consideráveis fluxos financeiros continuam a migrar para aquelas paragens.
Mas, não só. Ainda esta semana nossa imprensa mostrou a descomunal fila de brasileiros, no Consulado Chinês em São Paulo, à espera do Visto para ingressar naquele território.
Assim, mostra-se oportuno e, mais do que conveniente, o Brasil aproximar-se da China.
Lembro que, no Governo Geisel (1974/79), o Brasil – em suas relações externas – adotou o chamado ‘Pragmatismo Responsável’. O que – também, como no caso Chinês – parecia um contrassenso!
Mas, como diria o Premier Chinês Teng Hsiao Ping: ‘não interessa a cor do gato, mas – sim – que ele cace ratos’.
*Ivon Carrico é pelotense, mora em Brasília, atuando na administração há quase 50 anos. Atuou na ANVISA e na Presidência da República. Brasília: 20/03/2023