ARTIGO – A CRISE DIPLOMÁTICA ENTRE O BRASIL E ISRAEL

174

A CRISE DIPLOMÁTICA ENTRE O BRASIL E ISRAEL

Ivon Carrico*

As recentes declarações do Presidente Lula, na Etiópia, quando comparou – talvez, inadequadamente – o Holocausto à investida israelense na Faixa de Gaza, elevou a temperatura nas relações entre os dois países.

O Governo israelense, em resposta – mais do que desproporcional – reagiu duramente. Tanto por intermédio do Primeiro-Ministro Benyamin Netanyahu, como por intermédio do Chanceler Israel Katz.

Além da declaração de ‘Persona Non Grata’ conferida ao Lula, ambos se serviram de linguagem chula e grosseira para desqualificar o Presidente brasileiro.

O Chanceler israelense foi mais longe ao humilhar publicamente, no Yad Vashem (Museu do Holocausto), o Embaixador brasileiro Frederico Meyer, ignorando completamente a ‘praxis’ diplomática.

Essa grosseria não é fortuita na medida em que, em 2014, o então Porta-Voz do Governo Israelense, Yigal Palmor, desqualificou nosso País ao classificar, publicamente, o Brasil como um ‘anão diplomático’.

Isso tudo porque o Governo Dilma chamara o então Embaixador brasileiro para consultas, exatamente, pela atitude desproporcional (já àquela ocasião) das tropas israelenses em Gaza.

Interessante que o Recep Erdogan, atual Presidente da Turquia, em 27/12/2023, publicamente, comparou o Premier israelense Netanyahu a Hitler, exatamente pelo uso desproporcional de força militar na mesma Faixa de Gaza.

Mas, ao contrário do Lula, o Presidente Erdogan não foi contemplado com o inusitado ‘Persona Non Grata’.

Assim, percebe-se a intencionalidade do Netanyahu para forjar essa crise e, com isso, aglutinar mais gente ao seu infame projeto autoritário de Poder. ‘Non Pasarán’.

*Ivon Carrico é pelotense, mora em Brasília, atuando na administração há quase 50 anos. Atuou na ANVISA e na Presidência da República. Brasília: 21/02/2024