A construção de uma casa musical
Lourenço Cazarré*
Quem conhece os Ramil, de Pelotas, podia antever que em algum momento a segunda geração de músicos da família tomaria os palcos, seguindo as carreiras bem-sucedidas dos manos Kleiton e Kledir e do menestrel Vitor.
Aliás, como registra o Almanário de Pelotas, o clã Alves/Ramil, na verdade, incursiona por todas as artes. Exemplo: os três irmãos mais velhos já têm uma obra literária que, somada, chega aos dez volumes.
A história do novo espetáculo, Casa Ramil, é mais ou menos essa. Lá pelo final de 2016, como fazem todos os verões, os Ramil de todo o país se reuniram na praia do Laranjal, em Pelotas.
Ali, há décadas, costumam passar o Ano Novo e o Natal em animadas reuniões, presididas por dona Dalva, a matriarca, que então comemoraria seu nonagésimo aniversário.
Durante as festividades daquele ano ganhou força uma ideia defendida por Branca Ramil, a irmã que há muito produz os shows da gente da casa: reunir aos três irmãos mais velhos seus filhos e sobrinhos que começavam a trilhar seus próprios caminhos na música.
Assim, juntaram-se a Kleiton, Kledir e Vitor, os jovens Ian (filho de Vitor), Gutcha e Thiago (filhos da médica Kátia) e João Ramil (caçula do Kledir), e começaram os ensaios que mais adiante desembocariam no show de que estamos tratando.
A ideia central era não apenas gerar esse encontro de diferentes (conflitantes?) visões musicais, mas também mostrar o que pode resultar de um convívio familiar pautado pela música, como que se deu com os Alves/Ramil.
Nos verões seguintes, dona Dalva voltou a receber filhos e netos na sua casa da Copacabana pelotense (Laranjal), que mais uma vez se encheu de música e dança. Com o grupo já tinha o foco centrado no espetáculo que estava por realizar, surgiu logo o roteiro de canções e, em decorrência dele, nasceram novos arranjos vocais e instrumentais. Mas o consenso só vinha depois de longos e acesos debates em que digladiavam as diversas escolhas musicais e artísticas. Todos da famiglia, até mesmo os que não atuariam diretamente no espetáculo, tiveram direito a dar o seu pitaco.
Fofoqueiros dizem que até mesmo a recém-chegada Nina Ramil, filha do Ian e da Laura, primeira netinha do Vitor, mal completado seu primeiro aninho de vida, cantava e dançava ao som da música que leva seu nome.
O nome do espetáculo foi encontrado em um antigo cartão de visitas, urguaio, em que se pode ler: “Casa Ramil – Muebles y Decoraciones – Asencio, 1540, Montevideo”.
Explicando: a Casa Ramil de Montevidéu foi uma fábrica de móveis de Manuel Ramil, marceneiro e entalhador, que viajou da Galícia para o Uruguai no final do século XIX. Lá teve dois filhos, Kléa e Kleber, este o esposo de dona Dalva.
O show Casa Ramil estreou no Sul, em 2018 e depois seguiu para São Paulo. O álbum do show foi gravado por André Colling, mixado/masterizado por Leo Bracht e o vídeo do show tem a direção de Renato Falcão (diretor de fotografia de A Era do Gelo, Rio, etc).
Ficha:
KLEITON – violão aço, violino, percussão
KLEDIR – violão nylon, cuatro venezolano, efeitos eletrônicos
VITOR – violão aço, viola, saz, percussão, harmonium, controladora midi
IAN – violão aço, saz, percussão,monotrom e harmonium
GUTCHA – percussão, rabeca, harmonium
THIAGO – baixo, violão aço, guitarra, controladora midi, efeitos eletrônicos
JOÃO – percussão, baixo
Karina Ramil (filha do Kleiton) – direção de cena
Isabel Ramil (filha do Vitor) – vídeos e iluminação em parceria com tio
Marcelo Linhares (marido da Branca)
Kaio Ramil (filho do Kleiton) – produção executiva
Branca Ramil (irmã de K&K e Vitor, tia de Ian, Gutcha, Thiago, João,
Isabel, Karina e Kaio) – direção de produção
ÁLBUM COMPLETO
https://orcd.co/casaramilaovivo
VÍDEOS DO SHOW
https://youtu.be/NqgCeCLkPHQ
SHOWS de lançamento:
01set – PORTO ALEGRE – Araújo Vianna
03set – PELOTAS – Theatro Guarany