TREZE HORAS NOTICIOU A MORTE DO CORONEL ALBERTO ROSA

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O Treze Horas noticiou nesta quinta-feira, 28.03, a morte do Coronel Alberto Rosa, vastamente relacionado em Pelotas. Ele tinha 99 anos. O sepultamento ocorreu no mesmo dia no final da tarde.

Breve história de um homem notável

Alberto Rosa Rodrigues nasceu em 13 de setembro de 1924, em Porto Alegre (RS). Álvaro Rodrigues, seu pai, faleceu quando tinha apenas dois anos. Argina Rosa, a mãe, uma filha de ex-escravos, nasceu em 1895 e morreu em 1936, deixando uma prole, que acabou se dispersando, de cinco filhos.

Aos 11 anos, órfão de pai e mãe, passou por grandes dificuldades, passando a exercer diversas atividades como engraxate, jornaleiro, aprendiz de tamanqueiro, entregador de leite engarrafado, de viandas e serviços de armazém. Dos 15 aos 18 anos, trabalhou no açougue do casal de espanhóis Francisco Gonzales Soto e Rosária Soto, onde foi acolhido como filho.

Aos 18 anos, foi carinhosamente aconselhado pela D. Rosária a procurar um emprego melhor para dar uma vida mais tranquila à família que certamente viria a formar. A partir deste conselho, procurou a Brigada Militar, ingressando em 1943 como soldado. E após passar a pronto, ingressou como aprendiz na banda de corneteiros. Já mais adiante, sob aconselhamento e influência do Sargento Alcides Melo, dedicou-se à preparação para o Curso de Cabos e, uma vez promovido, continuou os estudos para o Curso de Sargentos. Após outra promoção, preparou-se para o Curso de Oficiais, de onde resultou promovido ao posto de Aspirante, o que ocasionou sua vinda para a cidade de Pelotas. Entretanto, nunca se esqueceu das pessoas que o auxiliaram e encaminharam durante aqueles períodos críticos de sua vida – da Sra. Rosária, seu Francisco (ou Chico) e do Sargento Alcides Melo.

Desde que começou a integrar a Brigada Militar, conquistou merecidos degraus até o exitoso posto de Coronel. Na Reserva desde 1968, isto é, há 56 anos, sempre foi participativo, um grande colaborador e pesquisador.

Coronel Rosa teve uma vida intensa voltada para as atividades da Brigada e nas áreas esportivas, como o basquete, vôlei, boxe, tornando-se bicampeão e o melhor atleta na Olimpíada da Brigada Militar. Por todos os seus merecimentos, manteve uma crescente e bem cuidada coleção de aproximadamente 130 medalhas, além de placas e troféus. Sem contar que por muitos anos manteve uma academia, na Rua XV de Novembro, nesta cidade.

Alberto casou-se com dona Maria Assumpção Mello Rosa, carinhosamente chamada por ele de “Sunça”. Dessa união nasceu um casal de filhos. O filho mais velho, Alexandre, que lhe proporcionou netos, bisnetos e a filha mais nova, chamada Rosângela. A esposa Sunça, falecida em 2017, foi sua companheira por cerca de 64 anos, estando sempre ao seu lado, tanto no lar quanto na academia, na função de sua secretária.

Depois de alguns anos na Reserva, resolveu ser escritor e, em 1986, publicou Nos tempos do Papo Roxo. Mais tarde, lançou A História dos Símbolos Rio-Grandenses, depois A Volta do Papo Roxo, Manual de Bandeiras, Desfile Equestre com Bandeiras, Coronel Massot, A Evolução dos Galões na Brigada Militar (2011) e Ginástica Respiratória para Asma e exercícios para Pé Chato.

Dedicou-se a estudos, pesquisas e textos referentes à área de história, principalmente os que tratam da cidade de Pelotas, sendo um grande colaborador e Sócio Benemérito do Instituto Histórico e Geográfico de Pelotas (IHGPEL). A última publicação, As Primitivas Ruas de Pelotas – Um olhar do presente sobre o passado, lançada em 31 de março de 2023, constitui o V volume de Cadernos do IHGPEL. Deixou como pesquisas ainda não publicadas As Cruzes, Brasões de Pelotas, O Combate do Passo dos Negros e Os Frades de Pedra.

Em seu currículo, atuou como Diretor Cultural da Liga de Defesa Nacional; Sócio Benemérito do Instituto Histórico e Geográfico de Pelotas (IHGPEL); Conselheiro Benemérito do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG); Membro da Junta Anglicana da Igreja do Redentor de Pelotas; Membro Fundador do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul (IHTRGS); Membro da Maçonaria desde 1964; Fundador da Associação de Inativos da Brigada Militar de Pelotas; Conselheiro da Associação dos Oficiais da Brigada Militar (ASOFBM) e Membro da Academia Brigadiana de Letras. Durante a tradicional Sessão Solene do aniversário de 211 anos de Pelotas, em 2023, recebeu, através do mandato do vereador Cristiano Silva (União Brasil), o título de Cidadão Pelotense, cercado de diversos amigos e admiradores.

Este personagem notavelmente único estava próximo de completar os 100 anos de marcante e perseverante história de vida. A ele, esse ser humano caridoso, discreto, extremamente humilde em relação aos seus próprios valores e um carinhoso amigo de todos, dedicamos toda a nossa gratidão por sua dedicação e zelo ao Instituto Histórico e Geográfico de Pelotas, à Brigada Militar, demais instituições e povo pelotense. Vai deixar muita saudade em todos.

Pelotas, 28 de março de 2024.

Amigos do Instituto Histórico e Geográfico de Pelotas