O FUTURO DA INDÚSTRIA NAVAL DO RS FOI DEBATIDO EM RIO GRANDE

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O futuro da indústria naval no Rio Grande do Sul em debate na Câmara de Comércio de Rio Grande. Foto: Divulgação/Portos RS

FÓRUM DE DESENVOLVIMENTO DA ECONOMIA AZUL ENCERRA DEBATENDO O FUTURO DA INDÚSTRIA NAVAL NO ESTADO E AS LINHAS DE FOMENTO PARA PROJETOS RELACIONADOS À ÁREA

O futuro da indústria naval no Rio Grande do Sul abriu foi o ponto alto dos debates no Fórum de Desenvolvimento da Economia Azul, realizado pela Portos RS, em parceria com o Arranjo Produtivo Local (APL) Marítimo e a Câmara de Dirigentes Lojistas de Rio Grande e São José do Norte, na Câmara de Comércio. Ao longo dos três dias foram promovidos painéis que abordaram os mais variados temas dentro da proposta inicial estabelecida.

O primeiro painel, intitulado O Futuro da Construção Naval no Rio Grande do Sul, contou com as palestras do diretor operacional da Ecovix, Ricardo Ávila, e do gerente executivo do Programa de Fragatas Classe Tamandaré, Roberto Marcelo Moura dos Santos. Compuseram a mesa como debatedores, o prefeito municipal do Rio Grande, Fábio Branco, a prefeita de São José do Norte, Fabiany Zogbi Roig, e o deputado federal, Alexandre Lindenmeyer. A mediação foi do diretor-presidente do APL, Arthur Rocha Baptista.

Durante sua fala, Ricardo traçou um histórico do Estaleiro Rio Grande (ERG) que passou pelos contratos para construção de plataformas de petróleo até a fase de manutenção de embarcações. Quanto a questão estrutural, o espaço conta com dois pórticos capazes de içar até oito mil toneladas, possui um cais de atracação de 360 metros e um dique com 130 metros de largura, o que faz dele um dos maiores da América Latina.

Uma grande preocupação da Ecovix nos últimos anos foi com a manutenção da infraestrutura do espaço fazendo com que não haja necessidade de investimentos relevantes para uma operação imediata. Recentemente, a Petrobras anunciou a construção de quatro plataformas de petróleo em 2023 que demandarão a necessidade de 30% de conteúdo local, projetos que podem colocar o ERG no radar dessas construções.

Já o gerente executivo do Programa de Fragatas Classe Tamandaré, Roberto Marcelo Moura dos Santos, trouxe detalhes sobre o projeto de construção dessas embarcações que promoverão a modernização da esquadra da Marinha do Brasil. As atividades estão sendo desenvolvidas pela Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron), agregando qualidade ao que é produzido no país.

O segundo painel seguiu com a idéia de desenvolvimento e abordou os distritos industriais do estado. Participaram como palestrantes o secretário adjunto de desenvolvimento econômico do Rio Grande do Sul, Derli Fialho, e o presidente da Portos RS, Cristiano Klinger. A mesa debatedora foi composta, ainda, pelo conselheiro de administração da Empresa Pública, Leonardo Vanzin, pelo presidente da Câmara de Comércio, Paulo Bertinetti, o presidente do Sindicato das Agências de Navegação, Fernando José Fuscaldo Júnior, e a mediação esteve a cargo do também conselheiro de administração da Autoridade Portuária, Eduardo Teixeira.

Durante sua fala, Cristiano destacou as atividades realizadas durante o primeiro ano da Empresa Pública e apresentou a infraestrutura portuária. Ele também mencionou os investimentos feitos para a potencialização dos distritos industriais e a assinatura do Termo de Cooperação nº 001/2020 para operacionalizar o Programa Estadual de Desenvolvimento Industrial e a promoção dos distritos industriais.

O terceiro painel do dia tratou sobre O Papel das Instituições de Fomento em Projetos Relacionados à Economia Azul, com a participação do gerente de planejamento do BRDE, Alexander Leitzke, a presidente do Badesul, Janete Lontra, e o gerente da agência do Sicredi em Rio Grande, Marcos Buttow. A mediação ficou a cargo do vice-presidente da CDL Rio Grande e São José do Norte, Renato Silveira.

Atualmente, o BRDE trabalha com diversas linhas de financiamento capazes de atender as demandas de investimento. Como uma das ações do banco, Alexander citou o Programa Inovacred, que apoia tudo aquilo que está diretamente envolvido aos processos de inovação, com prazos facilitados e possibilidade de participação de pequenas, micro e médias empresas, com financiamentos que variam de 0% a 90% do valor.

Já a presidente do Badesul, Janete Lontra destacou que os focos principais da instituição são as médias, pequenas e microempresas. O banco atua nos segmentos empresarial, turismo, inovação, agronegócio, entre outros. Na ocasião ela apresentou alguns dos principais cases do Badesul que são a Hidrelétrica Cazuza, em São Francisco de Paula, o Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, o Hard Rock Café, em Gramado, o SPA do Vinho, em Bento Gonçalves, Braslux, em Caxias do Sul, e a Cotribá, em Ibirubá.

Já Marcos Buttow, gerente da agência do Sicredi em Rio Grande, explicou que a cooperativa trabalha com linhas de fomento que atendem às necessidades de investimento. Como exemplos ele citou o Moderagro, que além do agronegócio também permite oportunidades de financiamento para a cadeia pesqueira.

O quarto painel do terceiro dia debateu A Economia Azul sob o Olhar da Inovação. Compuseram a mesa de debates o sócio diretor da empresa Technomar Engenharia, Felipe Rateiro, o representante da empresa Aerotec, Carlos de Luca, o representante da empresa Terramares, Vitor Magalhães, e o representante do Siapesq, Talles Lisboa. A mediação ficou a cargo do diretor do Oceantec e diretor do APL Marítimo, Arthur Gibbon.

A empresa Tehcnomar Engenharia Oceânica trabalha com inovação digital marítima e portuária, se tornando referência em tecnologia de simuladores de navegação e projetos portuários. Na ocasião, Felipe apresentou o case do Porto de Itajaí, com a detecção de problemas e criação de mecanismos que permitissem a solução desses gargalos.

A empresa Aerotech iniciou atuando na inspeção de aeroportos e estendeu sua prestação de serviço aos portos. Os serviços oferecidos permitem ampliar as ações de segurança dos portos brasileiros, como sistema de raio X de alta capacidade que permite ao operador ver exatamente se há algum ilícito sendo transportado.

O último painel do Fórum debateu a Pesca e a Aquicultura nas Águas Gaúchas, com as palestras dos médicos veterinários do Departamento de Indústria e Pesca do Ministério da Pesca e Aquicultura, Rui Donizete Teixeira e Renata Melon Bertolini, e do professor do Instituto de Oceanografia da Furg, Luis Gustavo Cardoso. Participaram também o prefeito municipal, Fábio Branco, o presidente do Sindipesca e conselheiro da Fiergs, Torquato Ribeiro Pontes Neto, e o coordenador do Núcleo de Gestão da Furg, prpfessor doutor em Engenharia de produção, Rafael Lipinski Paes.

Segundo Cardoso, entre os principais estoques de peixes que aparecem em estado preocupante nos estudos realizados estão a Corvina e a Castanha. Em estado sustentável estão a Pescada Olhuda e o Bonito Listrado. Essa diferença seria diminuída com a melhoria da gestão dos recursos pesqueiros passa por estratégias de gestão, exemplos positivos, agregação de valor aos produtos e certificação das pescarias.

A fala de encerramento do Fórum foi realizada pelo prefeito municipal, Fábio Branco e demais representantes das instituições responsáveis pela organização. Durante seu pronunciamento, o chefe do executivo municipal parabenizou a organização pela iniciativa e citou momentos marcantes da realização do evento, entre ele a assinatura do convênio entre a Portos RS e o APL Marítimo para o monitoramento do tráfego portuário, os potenciais da energia eólica on, near e off shore, além do potencial das hidrovias gaúchas.

Texto: Rodrigo de Aguiar

Jornalista responsável: Larissa Carvalho