QUANDO TODOS PERDEM
Ivon Carrico*
Para aqueles mais interessados nos ditames da vida nacional difícil fugir ao assunto do momento – a entrevista do Bolsonaro ao JN, ontem.
O JN já é há décadas a maior audiência da televisão brasileira. E, ontem, obteve – mais uma vez – excepcional marca desse indicador. Milhões de brasileiros se postaram diante da telinha acreditando que, ao contrário de um debate, assistiriam a um verdadeiro e furioso embate.
Desde quando anunciada a presença do Presidente da República nos estúdios da Globo – para estrear a série de entrevistas com os Candidatos ao pleito majoritário de outubro próximo – enorme furor causou e grande expectativa no País se formou. Como disse, quer pela possibilidade de um confronto mas, como – também – para saber acerca dos próximos anos.
Enquanto muitos acreditavam que a incontinência e o destempero verbal do Bolsonaro fossem causar algum desconforto e, com isso, a fragilização da sua candidatura, outros apostavam que o Bonner e a Renata Vasconcellos o fossem emparedar.
Do que se viu, entretanto, nada disso ocorreu, eis que o Bolsonaro enfrentou tão somente a tibieza dos 02 Apresentadores.
Ambos se mostravam apáticos, sem empolgação, sem grandes entusiasmos, repetindo velhas e surradas colocações na certeza de uma possível e ardilosa intimidação.
O Presidente, todavia, não se deixou envolver por esse mantra provocador. Mas, tampouco, soube avançar em qualquer proposição. Não falou em nenhum projeto de Nação.
Por todo o exposto foi um debate morno, sem graça, insosso. Onde todos perderam. Inclusive, os brasileiros.
*Ivon Carrico é pelotense, mora em Brasília, atuando na administração há quase 50 anos. Atuou na ANVISA e na Presidência da República. Brasília: 23/08/2022