AS DIVERSAS FACES DA INTOLERÂNCIA
Ivon Carrico*
O que tem a ver o deboche de jovens contra a presença de uma colega mais velha – em uma Faculdade no interior de São Paulo – com a entrega de uma esponja de aço por um aluno à sua Professora negra, no DF?
Existe alguma conexão disso, também, com a constante violência das abordagens policiais? Ou com os frequentes feminicídios praticados?
Corroborando algumas teses, entendo que o cerne dessa questão está em uma pesada herança cultural que moldou a construção da nossa sociedade. Com muitos privilégios para poucos e pouca atenção para muitos.
Olhando pelo retrovisor veremos que o pobre, a mulher, o idoso, o deficiente, o negro e os transexuais, por séculos foram ignorados neste País.
O Estado brasileiro, sobretudo, promoveu essa violenta estratificação.
Mas – albergado pela CF/1988 e, como a resgatar e reparar essa enorme dívida social – adotou e implementou diversas políticas de inclusão social que contemplaram esses setores.
Isso, entretanto, ocorreu somente nos anos iniciais deste Século XXI. Daí que, por se tratar de uma questão cultural, levará – ainda – um bom tempo para ser digerido e assimilado. Por isso tantas ignomínias diárias.
Uma vergonha que tenhamos levado 500 anos para entender essa terrível idiossincrasia!
Isto posto, fica evidente a importância de se dar maior visibilidade a esses estratos sociais para que, assim, possa a sociedade brasileira perceber suas necessidades e seus direitos.
*Ivon Carrico é pelotense, mora em Brasília, atuando na administração há quase 50 anos. Atuou na ANVISA e na Presidência da República. Brasília: 18/03/2023