MEMÓRIA DO TREZE HORAS: ENTREVISTA COM PAULO BROSSARD

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Na foto estão o jornalista Clayton Rocha, Rodrigo Mattos de Almeida e o ministro Paulo Brossard, na Fazenda Santa Genoveva, em Bagé.

O Memória Treze Horas deste domingo relembra, através de um artigo de um dos colaboradores do programa, o advogado Rodrigo Mattos de Almeida, uma passagem histórica. Rodrigo premia o ‘Memória’ com um texto sobre uma das melhores entrevistas realizadas nessas mais de quatro décadas de Treze, que foi com o ministro Paulo Brossard de Souza Pinto. O relato abaixo resume este intenso momento da vida do Treze Horas.

Fevereiro de 1986 – Entrevista com o Ministro da Justiça

RODRIGO MATTOS DE ALMEIDA

Sexta-feira, dia 14 de fevereiro de 1986. É anunciada a nomeação de Paulo Brossard para o Ministério da Justiça. Clayton Rocha localiza o ministro. Está em Bagé, na Estância Santa Genoveva, onde fica até Domingo. Tomará posse na segunda-feira, em Brasília. Há tempo para uma entrevista. Convida para almoçar no sábado.

Partimos cedo, Hadler, Clayton e eu, não sem antes comprarmos, na Casa Otto, doces e chá para D. Lúcia. Por volta de 11h30min, chegamos. A anfitriã recebe-nos, avisando que o Dr. Brossard e o filho Kiko ainda estavam recorrendo o campo.

Logo chegam. Saudações e cumprimentos. Começa a entrevista. Hadler fotografa. Clayton e eu fazemos as perguntas. Foram temas variados, do pretérito mais-que-perfeito ao passado simples, então presente. Reminiscências de faculdade afloraram, com a lembrança, entre outros, dos amigos José Inácio de Lima Teixeira, Delfim Mendes Silveira e Mozart Victor Russomano, todos estudantes na Porto Alegre dos anos 1940. Referências ao Partido Libertador, a Raul Pilla, Anacleto Firpo e a meu avô Tarcilo Mattos. Os temas principais: a crise política, os trabalhos da comissão de notáveis, a futura a assembleia nacional constituinte a ser eleita nas eleições de novembro.

Finda a entrevista, almoçamos. Conversa amena, agradável. Visita à biblioteca, onde Brossard mostra-nos um belíssimo dicionário da Língua Portuguesa, obra em perfeito estado e que então contava uns 150 anos. Despedimo-nos.

De volta a Pelotas, Clayton ainda tem tempo para preparar um resumo do que fora tratado para o Diário Popular do dia seguinte. Na segunda-feira, no 13 Horas, a entrevista gravada vai ao ar.

É incrível que tudo isso pareça tão recente e que já se tenham passado 32 anos. E mais incrível ainda: continuamos em crise, sendo que a de agora, pior do que a de então.

RODRIGO MATTOS DE ALMEIDA