Jazida de petróleo descoberta pela Petrobras e com capacidade de 15 bilhões de barris, pode transformar o Sul do país em uma potência econômica mundial
O litoral Sul do Brasil pode estar à beira de um marco histórico capaz de redefinir o papel econômico do país no cenário energético mundial.
Em um movimento estratégico, a Petrobras está investindo na exploração da Bacia de Pelotas, uma região ainda pouco conhecida do grande público, mas com potencial para alçar o Brasil ao mesmo patamar de grandes produtores de petróleo. A recente descoberta de uma reserva estimada em até 15 bilhões de barris de petróleo levanta a possibilidade de o Sul do Brasil emergir como um importante centro econômico e geopolítico.
Conforme apuração do jornal O GLOBO, do Rio de Janeiro https://oglobo.globo.com/economia/negocios/noticia/2024/11/08/sem-licenca-para-margem-equatorial-petrobras-se-volta-para-o-petroleo-da-bacia-de-pelotas-no-sul.ghtml , essa movimentação estratégica ocorre em um contexto onde a indústria brasileira de petróleo busca novos horizontes, uma vez que o pré-sal se aproxima de seu limite produtivo estimado para 2030.
De acordo com dados de especialistas, sem alternativas viáveis como a Bacia de Pelotas, o Brasil corre o risco de se tornar um importador de petróleo nos próximos anos. A reserva estimada no local já desperta o interesse de gigantes do setor, como a Shell e a chinesa CNOOC, que formaram consórcios com a Petrobras para explorar o potencial da região.
O início da exploração e o histórico da Bacia de Pelotas
Localizada no extremo Sul do Brasil, a Bacia de Pelotas foi leiloada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) em dezembro de 2023, atraindo grandes petroleiras internacionais. A Petrobras adquiriu 29 blocos na região, formando dois consórcios, um com a Shell e a CNOOC, e outro somente com a Shell.
A Chevron, por sua vez, também marcou presença adquirindo 15 blocos, demonstrando a confiança do setor no potencial de Pelotas. Para o geólogo Pedro Zalan, a geologia da Bacia de Pelotas possui similaridades significativas com reservas na Namíbia, onde se estima haver até 13 bilhões de barris de petróleo, graças às descobertas de empresas como Chevron e Shell. “A semelhança é total. E Pelotas é maior e mais profunda”, afirma Zalan.
Ele sugere que, devido à sua formação geológica semelhante ao continente africano na época de Gondwana, a Bacia de Pelotas poderia conter reservas de petróleo que variam entre 10 e 15 bilhões de barris, o que explica a mobilização das grandes petroleiras.
Expectativas para o setor e a relevância econômica para o Brasil
Segundo Roberto Ardenghi, presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), a descoberta na Bacia de Pelotas é uma esperança para evitar que o Brasil dependa da importação de petróleo, o que representaria um retrocesso em termos de autossuficiência energética.
Para Ardenghi, é crucial que novas áreas sejam exploradas para sustentar a economia.
As companhias que adquiriram blocos no final de 2023 já se movimentam para iniciar estudos sísmicos na Bacia de Pelotas, uma fase inicial que deve durar de três a quatro anos.
O processo, no entanto, demanda tempo e recursos. Após os estudos sísmicos, será preciso perfurar poços de teste para confirmar a existência de petróleo e avaliar a viabilidade econômica do projeto.
Somente depois disso é que a produção pode ser autorizada pela ANP, um processo que pode levar até 12 anos. Essa perspectiva de longo prazo exige um planejamento detalhado, mas representa uma aposta importante para a economia do Brasil.
Diferentemente do Norte do Brasil, onde a exploração na Foz do Amazonas já suscita debates ambientais e sociais, o Sul aguarda ansiosamente pelos benefícios econômicos que essa descoberta poderia trazer.
Cidades como Porto Alegre, Rio Grande, Chuí e a própria Pelotas são vistas como potenciais polos de desenvolvimento para a infraestrutura necessária ao escoamento e produção do petróleo.
Entretanto, o contexto geológico e econômico da Bacia de Pelotas exige um planejamento específico.
“É uma área completamente diferente da Foz do Amazonas”, explica Ardenghi, enfatizando que é preciso avaliar as condições da região antes de implementar atividades de exploração em larga escala.
No Norte, a proximidade com outras descobertas já realizadas na Guiana e no Suriname na Margem Equatorial impulsiona o investimento, enquanto Pelotas ainda aguarda uma confirmação de suas riquezas.
Perspectivas futuras e a importância da descoberta
A relevância das descobertas em Pelotas está atrelada à necessidade de diversificação das reservas brasileiras de petróleo. Atualmente, as reservas comprovadas do país estão na casa dos 15,9 bilhões de barris.
Diante desse cenário, a Petrobras e outras empresas apostam em Pelotas como uma nova fronteira de produção, capaz de garantir a autossuficiência brasileira no setor energético.
Essa corrida por novos campos de petróleo também reflete a crescente demanda energética global e a busca das empresas por oportunidades em regiões ainda inexploradas.
Conforme o levantamento de O Globo, o desenvolvimento da Bacia de Pelotas tem o potencial de elevar o Brasil ao status de potência no setor de energia, especialmente à medida que a produção em outras áreas do país se estabiliza.
Com a possibilidade de uma reserva que poderia ultrapassar a marca dos 15 bilhões de barris, a descoberta em Pelotas reacende o otimismo em torno do potencial energético do país.
Mas, como apontam os especialistas, a confirmação e a exploração em larga escala vão exigir investimentos e, principalmente, tempo.
A descoberta, no entanto, representa um primeiro passo importante para consolidar o Brasil como um dos líderes mundiais em produção de petróleo.