ARTIGO – A GUERRA DA UCRÂNIA

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A GUERRA DA UCRÂNIA 
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Ivon Carrico*
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No recente encontro com o anterior Representante Diplomático brasileiro em Kiev, na Ucrânia, fui autorizado – tão somente – ao registro fotográfico desse ‘meeting’ e, não, as considerações dessa guerra,  a qual será descrita sob a minha ótica e inteira responsabilidade.
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Entendo tratar-se de um conflito anacrônico, eis que – ainda – sob a égide da ‘Guerra Fria’, conceito este sepultado junto com a finada União Soviética e a reclusão dos EUA, como potências mundiais.
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Com a queda do Muro de Berlim, em 1989, e a ruína do Estado Soviético, em 1991, emergiram novos ‘players’ no cenário geopolítico mundial e a então União Soviética viu-se, subitamente, fragmentada em novas nações. Daí a Ucrânia!
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Sob a feroz opressão do Kremlim, em especial sob o Governo do Stalin, inúmeras repúblicas soviéticas foram subjugadas em muitos dos seus valores. O que ensejou grandes ressentimentos que, hoje, afloram sob tantas nuances. Como na Tchetchênia. E, sobretudo, na Ucrânia.
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O Volodymir Zelensky, atual Presidente ucraniano, provavelmente cometeu um grave erro estratégico, ao querer trazer – sob influência dos EUA – as tropas da OTAN para o seu território, nas barbas dos russos. Ora, isso provocou com vara curta o urso Soviético. Em suas estepes!! Ressuscitando a famigerada ‘Guerra Fria’.
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Todavia, isso não justifica a atroz investida do Putin contra a Ucrânia. Ainda mais, contra a indefesa população civil. O Putin e o Serguei Lavrov, Chanceler russo, devem ter as respectivas condutas analisadas pelo Tribunal Penal Internacional, em Haia. E, se for o caso, responsabilizados.
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Acerca da conduta do Governo brasileiro tenho dúvidas se a equidistância do Lula, desse conflito, é o mais acertado.
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Mas, na realidade, o Brasil sempre teve essa neutralidade nos grandes fóruns internacionais. Desde o Barão de Rio Branco, Patrono da nossa Diplomacia.
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O Brasil é uma potência regional, mas está longe de ser um protagonista da cena mundial. Acerca disso, vale lembrar quando – em 2014 – Israel classificou o Brasil como um ‘anão diplomático’.
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Assim, pode ser que falte estofo para patrocinar a paz entre russos e ucranianos, como por ocasião do Programa nuclear iraniano, que confrontava a Casa Branca e os Aiatolás, ocasião em que o Lula foi esnobado pelo Obama!!
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Por sua vez, há teses de que o Brasil deveria se alinhar aos Ucranianos, visto pertencer ao mundo Ocidental e estar atrelado aos interesses americanos e da União Europeia. Que, nos mantém reféns e sob tutela em diversos campos.
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Enfim, tenho muitas dúvidas sobre a melhor posição brasileira. Mas, tomara que o Lula e o Celso Amorim estejam certos e acabem logo com essa tragédia.
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*Ivon Carrico é pelotense, mora em Brasília, atuando na administração há quase 50 anos. Atuou na ANVISA e na Presidência da República. Brasília: 05/03/2023