EX-GOVERNADORES DO RS / 2 – ALCEU COLLARES – Podcast

1962
Gaúcho de Bagé, Alceu de Deus Collares (PDT) formou-se em Direito e disputou seu primeiro cargo eletivo em 1964, quando se elegeu vereador em Porto Alegre. Foi prefeito de Porto Alegre 1986 e 1989, deputado federal por cinco mandatos e governador do Rio Grande do Sul entre 1991 e 1995. Visitou inúmeras vezes o estúdio do Treze Horas.

Por Clayton Rocha

O Treze Horas no seu espaço ‘Memória do Treze Horas’ dá sequencia a série com os ex-governadores do Rio Grande do Sul. Suas passagens ligadas a Pelotas, suas visitas ao Treze Horas e seu vínculos com a cidade, sejam eles através de ações políticos administrativas ou até mesmo sentimentais. Pelotas sempre foi roteiro político obrigatório no RS para quem entendesse que ‘vencer as eleições no estado era possível’. E assim foi com todos aqueles que estão sendo lembrados nessa série. No domingo passado foi dada a largada com as lembranças referentes ao ex-governador Sinval Guazzelli e hoje – na segunda matéria da série – relembramos o ex-governador Alceu Collares, que governou o Rio Grande do Sul entre 1991 e 1995. Gaúcho de Bagé, Alceu de Deus Collares (PDT) formou-se em Direito e disputou seu primeiro cargo eletivo em 1964, quando se elegeu vereador em Porto Alegre. Foi prefeito de Porto Alegre 1986 e 1989, deputado federal por cinco mandatos e governador do Rio Grande do Sul entre 1991 e 1995. Visitou inúmeras vezes o estúdio do Treze Horas.

Nascido em 12 de setembro de 1927 em Bagé, Alceu de Deus Collares veio de uma família pobre e teve de abandonar os estudos aos onze anos, para trabalhar como quitandeiro. Com dezesseis anos passa a trabalhar como carteiro e, mais tarde, como telegrafista concursado. Volta a estudar e se forma no curso clássico em 1956, ingressando em seguida na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Muda-se no mesmo ano para Porto Alegre onde, como estudante de direito, ingressa no PTB – Partido Trabalhista Brasileiro e se aproxima de Leonel Brizola. Forma-se advogado em 1960.

Confira entrevista feita pelo Treze Horas com o Governador Alceu Collares em 1992:

Alceu Collares foi o primeiro prefeito de Porto Alegre após a redemocratização, governando de 1986 a 1988. Foi um mandato de três anos, para ajustar o calendário eleitoral brasileiro. Foi o primeiro prefeito negro da capital gaúcha, e, posteriormente, também o primeiro governador negro do estado.
Num encontro na churrasqueira da Associação Comercial de Pelotas, o ministro Mozart Victor Russomano, Clayton Rocha e Alceu Colares no dia 2 de abril de 2005.

Alceu Collares esteve diversas vezes participando do Treze Horas. Suas narrativas eram de prender o público ouvinte de rádio. Utilizava a sua vida simples como bandeira política sem cair no populismo barato. Foi eleito, contou, pela primeira vez em 1964 – no auge do regime militar para o cargo de vereador e deu então início a sua carreira. E justamente por causa do movimento de 64, com a extinção dos partidos políticos e a criação do bipartidarismo, Collares abrigou-se no MDB. No MDB, é eleito deputado federal em 1970, sendo o mais votado da legenda no Rio Grande do Sul. Quando da sua reeleição, em 1974, foi o mais votado do estado. Em 1978 foi eleito mais uma vez, com 120 mil votos, e se torna líder da bancada do MDB. No mesmo ano fundou o Instituto de Estudos Políticos Pedroso Horta.

Com o fim do bipartidarismo, foi participar da reorganização do PTB, que acaba frustrada pela cessão da legenda pelo Tribunal Superior Eleitoral para Ivete Vargas, em detrimento do grupo liderado por Brizola nacionalmente e Collares no estado. Em 1981, então, este grupo funda o PDT – Partido Democrático Trabalhista, do qual Collares seria líder de bancada no congresso. Collares foi o candidato ao governo gaúcho do partido em 1982, sendo derrotado por Jair Soares e ficando em terceiro lugar. Ficou então momentaneamente sem cargo eletivo.

Foi o primeiro prefeito de Porto Alegre após a redemocratização, governando de 1986 a 1988. Foi um mandato de três anos, para ajustar o calendário eleitoral brasileiro. Foi o primeiro prefeito negro da capital gaúcha, e, posteriormente, também o primeiro governador negro do estado.

Em, 1990, com o apoio de Leonel Brizola, que nas eleições presidenciais de 1989 recebeu 60% dos votos gaúchos, Collares foi eleito com 2.319.400 votos para o mandato de 1991 a 1994. No governo do estado, extinguiu a Secretária de Justiça e Segurança, passando a despachar diretamente com os chefes da Polícia Civil e da Brigada Militar. Fez moratória em 1991, deixado de pagar fornecedores para pagar o funcionalismo público. No seu governo o crescimento do PIB gaúcho chegou a 6,4%, recorde histórico do estado, sendo o crescimento acumulado no período de 23,43%.

Prometendo uma revolução na educação, fez desta área a mais conflituosa e polêmica de seu governo. Nomeou sua mulher, Neuza Canabarro, Secretária da Educação, e iniciou a implantação dos CIPs, centros de ensino em tempo integral, tal como havia feito na sua passagem pela prefeitura de Porto Alegre. A criação do Calendário Rotativo, que teria três diferentes anos letivos, que se revezavam, criou discórdia e fez cair sua popularidade.

Em 1994, o candidato do PDT para o governo do estado foi Sereno Chaise, que teve votação inexpressiva. Collares ficou sem cargo eletivo nos quatro anos seguintes, sendo eleito deputado federal em 1998, cargo para o qual foi reeleito em 2002. Neste período foi vice-líder do PDT (1999), vice-líder do bloco PDT/PPS (2001/2002), presidente da Comissão de Seguridade Social e Família (1999) e presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados 2006).

Em 2000, candidatou-se a prefeito de Porto Alegre, com a intenção de acabar com o predomínio do PT na cidade, que se iniciara em 1989. No segundo turno, foi derrotado pelo também ex-prefeito Tarso Genro. Apoiou em 1998 a candidatura de Olívio Dutra ao governo do estado. Dutra foi eleito, vencendo o sucessor de Collares, Antônio Britto, então no PMDB. Collares foi contrário à participação do PDT no governo petista, apoio que durou pouco mais de um ano.

Nas eleições de 2006, Collares foi o candidato do PDT ao governo do estado. Ficou em quinto lugar, com 3% dos votos. Sem nenhum cargo público, passou a integrar o Conselho de Administração da Itaipu Binacional.

Em 2010, contrariando o PDT gaúcho, que indicara Pompeo de Mattos para vice-governador na chapa de José Fogaça do PMDB, Collares apoiou a candidatura do petista Tarso Genro, justificando esta decisão pela falta de adesão de Fogaça à candidatura de Dilma Rousseff para a Presidência da República. Hoje, aos 92 anos e debilitado em função do tratamento de um câncer, o ex-governador está sem cargo público.