ESPECIAL: O DESTINO DO LIXO DE PELOTAS

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O trajeto até a cidade da Campanha, distante cerca de 150 quilômetros, é percorrido pelos caminhões em média, dez vezes por dia. Foto: Divulgação

Engana-se quem pensa que o caminho dos resíduos termina ao descartá-los na lixeira. Pelo contrário, esse é apenas o início de um percurso complexo, grandioso e diretamente relacionado à saúde pública e à preservação do meio ambiente. Responsável pelo serviço de coleta no município, o Sanep esteve representado em Candiota, na quarta-feira (8), para uma visita técnica ao Aterro Sanitário que recebe de 300 a 400 toneladas de lixo produzidas diariamente em Pelotas – cerca de um terço do quantitativo total operado pela estrutura, que chega a cerca de mil toneladas enviadas por mais de 30 municípios gaúchos.O trajeto até a cidade da Campanha, distante cerca de 150 quilômetros, é percorrido pelos caminhões em média, dez vezes por dia. Os veículos contam com sistema de GPS que permite o acompanhamento remoto pela autarquia. “O que determina o número de viagens até o aterro é a quantidade de resíduos orgânicos recolhida durante o dia. No início da semana, geralmente, são necessárias 12 ou 13 cargas”, explicou o coordenador do Departamento de Resíduos Sólidos (Ders), Edson Plá Monterosso.A destinação até Candiota e a relação com a Meioeste, gestora da unidade, existem desde 2012 e se misturam com a própria história do aterro inaugurado no ano anterior. O vínculo foi estabelecido após um importante feito do Sanep no município, no que se refere ao cuidado ambiental: a desativação do aterro controlado de Pelotas e o processo de cuidado com o espaço localizado na zona norte da cidade há mais de dez anos, que inclui diversas operações para mudar a configuração do local, como a impermeabilização do solo, construções para tratamento do chorume, controle dos gases emitidos e manutenção dos taludes.

Peça fundamental no sistema de destinação dos resíduos, a Estação de Transbordo de Pelotas (ETP), inaugurada em junho de 2012 pelo Sanep, representa a primeira parada dos resíduos orgânicos após a coleta. Foto: Divulgação.

Do lixo à geração de energia renovávelA comitiva pelotense, também formada pela diretora-presidente Michele Alsina, pela superintendente administrativa Claudelaine Coelho e por equipe do Ders, foi recepcionada pelo diretor técnico da Meioeste, Pietro Bosco, que atua há mais de 40 anos na área de aterros sanitários. Durante a visita, o grupo pôde visualizar como é feito o manejo dos resíduos que chegam à unidade.A etapa de compactação dos materiais é realizada com equipamento moderno e seleto no Brasil, em substituição ao trator de esteira. Ele pesa mais de 50 toneladas, possui 500 horsepower e é dotado de rolos metálicos de compactação, permitindo um índice elevado de eficiência. Dessa forma, aumenta-se a vida útil do aterro, ao garantir maior segurança e estabilidade na execução das células e ainda contribuir para melhor aproveitamento do biogás, posteriormente, utilizado na geração de energia elétrica.“Essas visitas in loco são sempre importantes para acompanharmos de perto o sistema de tratamento dos resíduos e, nesse caso, constatar que a sua destinação está sendo feita corretamente e em concordância com as determinações ambientais”, destacou Michele sobre o Aterro de Candiota, que é fiscalizado e licenciado pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental do Rio Grande do Sul (Fepam).Além de visitar a área de extração do biogás, onde estão instalados os poços verticais que drenam os gases na célula e o sistema de canalização, a equipe acompanhou a operação da Usina de Biogás integrada ao aterro, gerenciada pela Figueira Energia. A junção dos dois empreendimentos permite que 100% do biogás captado a partir da decomposição dos resíduos seja transformado em energia elétrica, produzindo, em média, 1,8 mil quilowatts por hora. A quantidade é suficiente para alimentar energeticamente cerca de 20 mil residências no dia e representa uma fonte alternativa e renovável de energia, que não depende de combustíveis fósseis, como o petróleo e o carvão.Nova célula já em andamentoConsiderando o tempo de vida útil da primeira célula da unidade chegando ao fim, a Meioeste já trabalha na preparação do segundo espaço, com mais de 100 hectares, para receber os resíduos da Metade Sul a partir dos próximos anos. Em uma das salas de operação do Aterro, os representantes do Sanep verificaram como funciona o controle de indicadores e de atividades como o tratamento de efluentes, o monitoramento das águas, tratamento do chorume e impermeabilização do solo.Antes de Candiota, uma parada na estação de transbordoPeça fundamental no sistema de destinação dos resíduos, a Estação de Transbordo de Pelotas (ETP), inaugurada em junho de 2012 pelo Sanep, representa a primeira parada dos resíduos orgânicos após a coleta. Com terreno de cinco hectares, na zona norte do município, e 1,2 mil metros quadrados de área construída, a unidade funciona 24 horas por dia e possui vários circuitos de segurança operacional e ambiental, com capacidade diária de operação de 500 toneladas.O caminho percorrido pelo lixo dentro do local é organizado para que os resíduos fiquem ali poucas horas, até serem encaminhados ao seu próximo destino: o Aterro Sanitário.Além de Pelotas, o Aterro Sanitário de Candiota, em área minerada da Companhia Rio-grandense de Mineração, é o destino final dos resíduos gerados em diversas cidades das regiões da Campanha, Sul e Fronteira Oeste do Estado, como Rio Grande, Bagé, Santana do Livramento, Pinheiro Machado e Uruguaiana. O representante da Meioeste, Washington Daniel Farias, também acompanhou a comitiva pelotense.

O Aterro Sanitário de Candiota, em área minerada da Companhia Rio-grandense de Mineração, é o destino final dos resíduos gerados em diversas cidades das regiões da Campanha, Sul e Fronteira Oeste do Estado, como Rio Grande, Bagé, Santana do Livramento, Pinheiro Machado e Uruguaiana. Foto: Divulgação.