ARTIGO – O ‘ATELIER’ DA SUZANE

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O ‘ATELIER’ DA SUZANE

Ivon Carrico*

Na antevéspera de mais um Carnaval – depois de 03 anos modorrentos em casa, por conta dessa Pandemia – o brasileiro volta às ruas. Para, como sempre, esvair-se em alegria. Esta é a sua catarse.

Na liberação das suas emoções ou tensões reprimidas o brasileiro – como ninguém – sabe fazer piada de uma tragédia. E, parece – inclusive – que essa espetacular performance chega até às nossas Instituições, como as nossas mais altas Cortes. Sim, estou falando do nosso Judiciário.

Nos últimos dias o Brasil, inclusive, foi surpreendido por duas dessas piadas. Que, todavia, pecaram pelo excesso e extremo mau gosto.

Pois não é que o nosso Judiciário – enveredando pelos caminhos da tragicomédia e, sem qualquer pudor – empreendeu as solturas de duas figuras emblemáticas que assombraram nosso País – o Sérgio Cabral e a Suzane von Richtoffen?

O ex-Governador/RJ fora condenado a mais de 400 anos de cadeia pela malversação de recursos públicos.

Já, a Suzane fora presa em 2002, após planejar e participar do assassinato dos pais, na mansão da rica família, em São Paulo. E, em 2007, fora condenada a 39 anos e 6 meses de prisão.

Daí que o ex-Governador está livre, leve e solto. Quiçá não seja samba-enredo de alguma agremiação carnavalesca e, ainda, desfile na Sapucaí.

Enquanto isso, a pobre menina-rica, hoje, é uma empresária de sucesso no ramo da moda, bem como nas redes sociais, possuindo dezenas de milhares de seguidores. O seu ‘atelier’ está sendo concorridíssimo. Com a presença até de alguns notáveis.

Realmente, o diabo veste Prada. Tanto nas nossas altas Cortes, como nos regabofes das festas com guardanapos em Paris, e – ainda – como nos ‘ateliers’ da famosa Oscar Freire, em São Paulo.

*Ivon Carrico é pelotense, mora em Brasília, atuando na administração há quase 50 anos. Atuou na ANVISA e na Presidência da República. Brasília: 12/02/2023