QUE COMAM CACTOS
Ivon Carrico*
Corria o final da década de 1780, na França, e o final do ‘Ancien Régime’ já se prenunciava. O Reinado do Louis XVI estava em seus estertores, quando a Rainha Maria Antonieta – ao ver famintos, nos portões do Palácio de Versailles – lascou: ‘que comam brioches’!
Hoje, ao ver na TV a infame imagem de Palestinos famintos, na Faixa de Gaza, comendo cactos, lembrei-me da Maria Antonieta.
Concordo que Israel tem o dever de se defender, ainda mais quando sobrevir ataques terroristas. Mas, sem um revide desproporcional e arrasador, como o promovido pelo Benyamin Netanyahu e a sua ideologia.
Mas,… vamos por partes: durante a II Guerra Mundial a Alemanha – em nome de uma ideologia sinistra – cometeu atrocidades. Como a morte de 6 milhões de judeus. E, pasmem, o Hitler, tal qual o Hamas, foi eleito!!! Ele não foi imposto!!! Ou seja, o povo alemão o apoiou e à sua ideologia!
Nesse conflito, o mesmo aconteceu no Japão, cujo Regime – endossado pelo Imperador Hiroito – trucidou Chineses, Coreanos e populações do Sudeste Asiático.
Mas, os Aliados que ganharam a II Guerra Mundial – ao contrário da Maria Antonieta – não mandaram os povos alemão e japonês comerem brioches, digo, cactos. Tiveram, sim, a grandeza imensurável de instituir o Plano Marshall, quando injetaram bilhões de dólares para reerguer a Alemanha e o Japão.
Sendo assim, não podemos confundir Regimes opressores com seus povos, culturas e histórias. Estes permanecem, aqueles passam.
Fiquemos como nas palavras de São Paulo que afirmou: ‘esquecendo o que fica para trás, eu me lanço para o que está na frente’. Como fizeram os vencedores.
*Ivon Carrico é pelotense, mora em Brasília, atuando na administração há quase 50 anos. Atuou na ANVISA e na Presidência da República. Brasília: 29/02/2024