O MONOPÓLIO DA VERDADE
Ivon Carrico*
Causou surpresa a presença do Ministro/STF, Alexandre de Moraes, na entrega do anteprojeto do novo Código Civil ao Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco e, também, quando declarou, que – antes da existência das redes sociais – ‘éramos felizes e não sabíamos’!
Ora, são inegáveis o saber jurídico e a competência do Alexandre de Moraes. Ainda, esta semana, foi aprovado como Professor Titular da USP, uma das 100 melhores Universidades do mundo.
Tenho – entretanto – que é muito difícil ignorar os benefícios do advento da Internet e das suas redes sociais. A democratização da informação decorrente quebrou o monopólio da verdade, contido em poucas e poderosas mãos.
Como ocorreu com a Igreja, quando da invenção da imprensa, no século XV. Àquela ocasião a Igreja detinha o monopólio da produção e da interpretação dos textos sagrados e da produção científica.
Aquele que ousasse confrontar a posição da Igreja estava sujeito aos ditames, dentre outros, da Santa Inquisição. Como ocorreu com Galileu Galilei e a sua Teoria Heliocêntrica.
Todavia, isso não foi suficiente para conter a pluralidade do debate, quando se viu – então – um promissor tempo de grande discussão e progresso nas questões sociais e outras.
E, a Igreja – com isso – perdeu mais do que o monopólio da verdade, perdeu Poder e influência.
Tomara que o Ministro Alexandre de Moraes reveja o seu posicionamento acerca da relevância do debate plural em nossa sociedade. Concordo com ele: não ao discurso de ódio. Mas, também não à intransigência.
*Ivon Carrico é pelotense, mora em Brasília, atuando na administração há quase 50 anos. Atuou na ANVISA e na Presidência da República. Brasília: 20/04/2024