HOMEM PLANETÁRIO e sua importância, pela educação, no equilíbrio da biosfera
Neiff Satte Alam*
“…O homem coloca toda a biosfera em um ciclo de renovação rápida. A partir de agora, nós dominamos a biosfera. Mas será que nos servimos da Terra ou a vida serve-se de nós para evoluir mais rápido ainda?“ Pierre Lévy
Quando alcançamos o interior do DNA e passamos a controlar a substância que controla e organiza a vida na Terra, tivemos a impressão pretensiosa de que estávamos dominando a vida no Planeta e, desta forma, dando sequência, segundo nossa orientação, do processo evolutivo.
Modificamos a genética de animais e plantas; transportamos genes de um organismo a outro mudando características funcionais e estruturais; eliminamos algumas espécies e criamos outras; alteramos a capacidade de resistência com propósitos diversos: para matar ou salvar; aumentamos a capacidade de operar junto ao meio através de periféricos criados pela nossa inteligência, desde a pedra lascada (de silício) até equipamentos de informática (de silício).
Tanto o meio não vivo (abiótico) até o meio vivo (biótico), em razão de nossa capacidade criativa, apresenta-se em processo de mudança acelerada, pois, sem a interferência do homem, a biosfera teria uma outra configuração: animais que hoje proliferam, como bovinos, ovinos e galináceos, por exemplo, ocupam lugar de outros que, em razão da existência destes, ou se extinguiram ou estão em processo acelerado de extinção; as plantas de diferentes regiões do planeta começaram a ser transportadas e readaptadas provocando uma miscigenação somente possível pela interferência do homem e segundo suas conveniências.
Esta planetarização do homem, que na verdade é o domínio do DNA humano sobre os demais, mas sem se desconsiderar que todo este material genético teve uma origem comum nos primórdios da formação da vida na Terra, é um atestado que, neste momento, sendo o objeto e sujeito do processo evolutivo da biosfera, acentua sua (do homem) responsabilidade sobre o conhecimento científico, que não poderá colocar por terra todo o esforço natural de dotar uma criatura de um seleto conjunto de nucleotídeos, reunindo toda a informação genética desde a gênese até os dias de hoje. Mais importante, ainda, é que esta dotação de conhecimento evolutivo impresso nos genes humanos deve se constituir em material básico para novas criações – exaptação: a criação do homem do futuro.
Que fantástica responsabilidade a nossa! Somos a criatura mais complexa do Planeta e ainda assim somos apenas o alicerce do que está por vir e nos utilizamos de periféricos eletrônicos para acelerar esta evolução, mais ainda, temos que ter o máximo de cuidado para não prejudicarmos toda esta obra de criação…de evolução…de futuro.
Mais uma ação/missão do Professor: “contribuir para uma construção do conhecimento e das competências necessárias para harmonizar o sistema planetário viabilizando o futuro”.
*Professor, Biólogo e integrante da Equipe Treze Horas