ARTIGO – A TRAGÉDIA AMBIENTAL GAÚCHA

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A TRAGÉDIA AMBIENTAL GAÚCHA

Ivon Carrico*

Em menos de 01 ano e, pela 4a vez, o Rio Grande do Sul é assolado por chuvas torrenciais que inundam cidades em quase todo o Estado. As Regiões mais atingidas são a Capital, a Serra, o Centro-Norte e a fronteira com a Argentina.

Nesses momentos ocorrem muitas indagações, questionando responsabilidades. E, como uma caixa de ressonância, mas dissonante, emerge – também – o ‘Tribunal da Internet’.

Dentre tantas dessas vozes ouvi, entretanto – tão somente – uma que contextualiza as razões dos tantos desacertos que ocorrem, por ocasião dos inúmeros desastres ambientais no Brasil.

O Jornalista Demétrio Magnoli, da GloboNews, com a devida lucidez, destacou como se poderiam mitigar os efeitos dessas tragédias, visto a imprevisibilidade desses fenômenos naturais.

Em sua exposição destacou – que não é de hoje – o modelo social excludente de ocupação de áreas ribeirinhas, encostas de morros. Ou seja, de áreas suscetíveis aos primeiros e devastadores desastres naturais.

Daí que, dentre outros, clamou por Políticas Públicas para promover a moradia digna e segura dessas populações desassistidas para, com isso, diminuir o consequente sofrimento.

Está correta a assertiva do Prof Magnoli, pois com o término da escravidão, no Século XIX, a primeira favela foi localizada onde, hoje, é o Morro da Providência, no Rio de Janeiro. Exatamente, por falta de políticas públicas – também, àquela ocasião – para acolher a multidão alforriada.

Mas – tal como a Rosa de Hiroshima, nessa imensa tragédia – conseguimos, ainda, vislumbrar a beleza. Sim, contida na solidariedade e no apoio do brasileiro e das nossas Forças Armadas e do Corpo de Bombeiros de diversos Estados. Muito comovente.

*Ivon Carrico é pelotense, mora em Brasília, atuando na administração há quase 50 anos. Atuou na ANVISA e na Presidência da República. Brasília: 05/05/2024