A SINGULARIDADE DO MERCOSUL NA TRAGÉDIA GAÚCHA
Ivon Carrico*
Criado em 1991, pelo Tratado de Assunção, o Mercosul teve como membros fundadores Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
Já o então MCE/Mercado Comum Europeu – resultado do Tratado de Roma, assinado em 1958 – foi o precursor dos Blocos econômicos.
Como o MCE, o Mercosul privilegiava um avançado nível de integração econômica com a livre circulação de produtos, pessoas, bens, capital e trabalho. Hoje, o Mercosul – capitaneado pela Argentina – é o 3° destino das exportações brasileiras.
Contudo, este sucesso – mesmo no Brasil – não tem sido compartilhado com os demais Estados federados, eis que – ao contrário dos benefícios colhidos pelo Polo industrial de São Paulo e adjacências – acentuado e progressivo declínio econômico tem sido observado na Metade Sul do Rio Grande do Sul, onde a agroindústria – base da economia local – soçobrou.
Esta Região fronteiriça, com fortes laços culturais e históricos com os demais Membros do Mercosul tem sido, todavia, escanteada nesse processo de integração.
Não bastasse essa verdadeira distopia gerada e mantida por esse Acordo multilateral, temos – agora – a atual tragédia climática no Rio Grande do Sul.
Em consequência, com a considerável perda na safra agrícola brasileira, teremos de importar – dentre outros – mais de 01 milhão de toneladas de arroz, visto a quebra da produção gaúcha.
Era de se esperar, então, o necessário apoio e solidariedade dos nossos parceiros, mas ao buscar esse produto no Mercosul, o Brasil deparou-se – entretanto – com a majoração – em mais de 30% – dos preços ofertados. Ou seja, a esperada integração, para nós gaúchos, está muito longe de ocorrer. Uma decepção.
*Ivon Carrico é pelotense, mora em Brasília, atuando na administração há quase 50 anos. Atuou na ANVISA e na Presidência da República. Brasília: 25/05/2024