OS VOLUNTÁRIOS DA PROVÍNCIA
(Cujo anonimato os glorifica mais ainda)
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Clayton Rocha*
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A execução de tarefas mundanas não tem fim, diz a máxima budista milenar. Pois imagine-se agora a execução destas tarefas reservadas ao Rio Grande do Sul, num pós-catástrofe que recém está começando. Vamos conviver com a dura etapa da contagem definitiva dos nossos mortos, das perdas materiais e agrícolas, de uma lista interminável de estragos e do duro golpe do desemprego, além das doenças de ocasião que proliferam com crueldade nessas horas amargas.
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Caberá a cada um de nós assimilar o golpe, em busca de uma visão clara de todas as perdas e números impactantes do prejuízo humano e material, para que se possa louvar, aí sim, e em sinal de reconhecimento, cada um desses “Voluntários da Província”, heróis incansáveis que desafiaram a fúria das águas, dos deslizamentos de morros e da destruição de estradas e de pontes, e cujo anonimato os glorifica mais ainda.
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Entendo que qualquer sinal de aproveitamento dessa catástrofe, por quem quer que seja, desqualificará eventuais “oportunistas de plantão”, sobretudo nessa hora de reverência aos Voluntários do pampa, esses heróis sem nome que se tornaram “sinais de luz” no panteão do Rio Grande do Sul.
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*Jornalista e coordenador do Treze Horas há 46 anos.
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