TREZE E O CORONAVÍRUS: UFPEL APRESENTA RESULTADOS DO ESTUDO SOBRE COVID-19 NO RS

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A UFPel apresentou ontem, quarta-feira (15), os resultados da primeira fase do estudo de epidemiologia da Covid-19 no Rio Grande do Sul. O estudo de alcance da infecção pelo vírus é pioneiro no Brasil e foi apresentado durante a coletiva de imprensa realizada pelo Governo do Rio Grande do Sul ao vivo no Facebook. Os dados foram apresentados pelo reitor Pedro Hallal que é epidemiologista e está coordenando a pesquisa.

O objetivo do estudo intitulado EPICOVID19 é estimar o percentual de gaúchos com anticorpos para o vírus SARS-coV-2, determinar o percentual de infecções assintomáticas ou subclínicas, avaliar a velocidade de expansão da infecção ao longo do tempo e obter cálculos precisos da letalidade do vírus. De acordo com Pedro Hallal, todas as estatísticas oficiais são baseadas em casos confirmados, os quais representam uma pequena parcela da real prevalência de infecção na população. “A logomarca criada para o estudo mostra essa realidade. A marca representa um iceberg, nós só enxergamos o que está acima da água”, explica.

Dos 4189 testes validados pelos pesquisadores, dois testes confirmaram positivo, cerca de 0,05% da população gaúcha deve ter sido contaminada. De acordo com Hallal, apesar do número parecer pequeno, é necessário ter cuidado na interpretação das estimativas. Os dados revelam que há no Rio Grande do Sul um infectado para cada dois mil habitantes. A estimativa é que existam 5650 pessoas com anticorpos no estado.

Além disso, atualmente mais pessoas podem estar infectadas além da estimativa do estudo. De acordo com Hallal, o teste revela as pessoas que possuem os anticorpos para o Covid-19. “Então estamos falando de dados de duas semanas atrás, tendo em vista que as pessoas contaminadas podem levar até 14 dias para desenvolver os anticorpos”, explica. Neste sentido, o número de casos confirmados no dia 1º de abril era de 384 e o resultado da pesquisa mostra que o contágio é 15 vezes o número de casos confirmados.

De acordo com o relatório, para cada um milhão de habitantes no Rio Grande do Sul, estima-se 500 infectados, 65 notificações e 1,2 mortos. Além disso, para cada caso notificado nas cidades pesquisadas, existem em torno de quatro casos não notificados.

A pesquisa também verificou que 20,6% das pessoas seguem saindo de casa diariamente, 21,1% das pessoas estão em casa o tempo todo e 58,3% estão saindo apenas para atividades essenciais como ir ao supermercado e farmácia. Entre os idosos de 60 anos ou mais, 35,9% relataram ficar em casa o tempo todo.

De acordo com Hallal, a tendência é que os números aumentem nas próximas fases, mas a velocidade deste aumento dependerá das medidas de distanciamento social. “A primeira fase da pesquisa veio na hora certa, enquanto a pandemia está em fase inicial no estado”, conclui.

A UFPel também irá coordenar uma pesquisa nacional que terá início na próxima semana, mais de 30 mil pessoas serão testadas a cada duas semanas no país. Os dados possibilitarão projeções sobre o avanço da doença, verificar as regiões mais atingidas pela pandemia e planejar as medidas de contenção.

Metodologia

As testagens da primeira etapa do estudo ocorreram entre os dias 11 e 13 de abril em nove cidades do estado, Porto Alegre, Canoas, Pelotas, Caxias do Sul, Santa Cruz do Sul, Santa Maria, Passo Fundo, Ijuí e Uruguaiana. A população das cidades pesquisadas equivale a 31% da população gaúcha. Pesquisadores foram até as casas sorteadas e coletaram uma gota de sangue de um dos moradores para realizar o teste. Foram aplicados 4189 testes acompanhados de um questionário.

As próximas fases ocorrerão entre os dias 25 e 27 de abril, entre os dias 9 e 11 de maio e entre os dias 23 e 25 de maio. Serão testadas 4500 pessoas em cada fase da pesquisa.

São parceiras do projeto a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, a Universidade de Santa Maria, a Universidade Federal do Pampa, a Universidade Federal do Rio Grane do Sul, A Universidade do Vale dos Sinos, a Universidade de Caxias do Sul, a Imed, a Universidade Federal da Fronteira Sul, a Universidade de Passo Fundo, a Universidade de Santa Cruz do Sul e a Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

O estudo tem apoio do Ministério da Saúde, da UNIMED de Porto Alegre, do Instituto Floresta e do Instituto Serrapilheira.