MORRE O MÉDICO JOSÉ RAYMUNDO – Podcast

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O médico José Raymundo em sua última ida ao Treze Horas.

Podcast – Clayton Rocha – Áudio da homenagem feita no Treze Horas desta segunda-feira 22.06.2020

A LENDA!

Por Clayton Rocha

Um cirurgião imbatível de bisturi na mão.

Um telefonema na madrugada, às duas horas e dois minutos deste 22 de junho de 2020. Uma mensagem do Gabriel, outra mensagem do Flavinho Castro.

Ah, esses delicados telefonemas numa madrugada…

Mas a última boa notícia, a da véspera, dizia: ele está fora do respirador desde sábado, 13 de junho! Ele está estável, reagindo, voltando… Ele quer ser transferido para o quarto, pois esses 85 dias de UTI já deixaram marcas profundas.

Mas os telefonemas e as mensagens das duas horas e dois minutos da madrugada de hoje acabaram com sonhos e esperanças! Quase três meses depois de uma torcida permanente, estamos experimentando uma sensação de derrota. O Zé Raymundo, que para alguns de nós chegou a morrer duas vezes, encerrou o seu longo e sofrido calvário na madrugada dolorosa deste dia 22 de junho de 2020.

Custei a localizar esta foto: É bem antiga, mas diz muito. Mozart, ele e eu, inseparáveis, tínhamos encontros semanais de boas e de difíceis conversas. Na doença do ministro, por exemplo, o Zé Raymundo o visitava todos os dias: Eu não quero que ele se sinta só, dizia-me. Falávamos de tudo, do livro dele, do meu livro, das insistências do Mozart Víctor Russomano quanto aos dois livros. Brincávamos, mas esse nosso amigo só vive em função de livros, enquanto nós dois só entendemos de bisturis e de microfones!

Custei a localizar esta foto: É bem antiga, mas diz muito. Mozart, ele e eu, inseparáveis, tínhamos encontros semanais de boas e de difíceis conversas. Na doença do ministro, por exemplo, o Zé Raymundo o visitava todos os dias: Eu não quero que ele se sinta só, dizia-me. Falávamos de tudo, do livro dele, do meu livro, das insistências do Mozart Víctor Russomano quanto aos dois livros. Brincávamos, mas esse nosso amigo só vive em função de livros, enquanto nós dois só entendemos de bisturis e de microfones!

Lembranças outras ligadas ao José Raymundo me comovem muito neste instante: por exemplo, aqueles três demorados procedimentos cirúrgicos feitos por ele, e a meu pedido. Quando mobilizei algumas pessoas para uma conversa com o cirurgião, ainda no hospital, ouvi dele: – Sai fora, estou com pressa, não tenho tempo para conversar com vocês. Ou por acaso tu ainda não sabes que eu sou o chefe do departamento médico do 13 Horas?

Eu poderia ficar aqui contando passagens e mais passagens de nosso convívio de mais de quarenta anos, das amizades próximas, das grandes franquezas, até mesmo das nossas discordâncias quanto aos acontecimentos do dia a dia da vida. Mas sinto que não vou conseguir fazer isso, pelo menos por enquanto. Fica para uma outra hora, quando o homem se recompõe, quando o jornalista entra em cena, agora em busca de uma longa e marcante história de vida. E o fará na condição de testemunha atenta e muito próxima, alguém que já sabe de seu dever e da missão que o aguarda: a de escrever sobre uma ” Lenda” na história da Medicina da Cidade de Pelotas.

Homenagem de GEB, ECP e GAF

Velório a partir das 14 horas, até às 17 horas. Cemitério Parque, Avenida Eliseu Maciel, Capão do Leão.

O professor José Raymundo, um dos grandes nomes da Medicina pelotense, e profundamente vinculado ao futebol de Pelotas, terá seu caixão coberto com as bandeiras do Grêmio Esportivo Brasil, Esporte Clube Pelotas e Grêmio Atlético Farroupilha.

DR. JOSÉ RAYMUNDO EM IMAGENS