JUSCELINO KUBITSCHEK EM PELOTAS
Por Clayton Rocha
Dona Sarah e Juscelino Kubitschek de Oliveira fizeram demorada visita ao Bispo de Pelotas, Dom Antônio Záttera no segundo semestre de 1955. O prefeito de Pelotas, à época, era Mário David Meneguetti, um médico filho de Porto Alegre. Muito ligado ao Bispo, ele era grande companheiro de conversas com Dom Antônio e se dedicava por inteiro às grandes causas comunitárias. Sua vivacidade e sua fala convincente encantaram JK, tanto, mas tanto, que o tornaram ministro de Estado da Agricultura no período 1956/1960. Mário Meneguetti, prefeito de Pelotas, era primo-irmão do Governador Ildo Meneguetti. Um médico, (Mário); e o outro Engenheiro.
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O visitante ouviu ainda um tocante relato do Bispo quanto aos seus projetos no campo da educação superior, projetados não só para Pelotas, mas também para Rio Grande, além de inúmeras outras cidades do Sul e Fronteira do RS.
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Naquele mesmo dia, ao entardecer, quando ofereceu-se para levar JK e Dona Sarah ao aeroporto, atrasados que estavam por conta do grande comício que aguardava o presidenciável em São Paulo, contou-lhes que aquela Avenida pela qual transitavam, a Dom Joaquim, homenageava o segundo Bispo de Pelotas, Joaquim Ferreira de Mello. (o 1º tinha sido Dom Francisco de Campos Barreto, um paulista de Campinas, agora sepultado na Catedral de sua cidade natal). – Digo-lhe isso, afirmou Dom Antônio, “porque o senhor ainda será nome de uma grande Avenida aqui em Pelotas”.
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Visionário, Dom Antônio Záttera ainda teve a oportunidade de conversar – muitas décadas adiante – com lideranças pelotenses, no sentido de sugerir que o nome de JK fosse lembrado em uma futura obra na cidade. E foi a Edgard Henrique Klever, o poderoso e qualificado secretário de Planejamento da Administração Irajá Andara Rodrigues, que Dom Antônio contou aquela sua previsão do passado, quando levou JK e esposa ao aeroporto local. Naquele tarde, Senhor Klever, eu disse ao quase presidente eleito Juscelino Kubitschek algo que ainda permanece muito vivo em minha memória e que é para mim uma espécie de dívida: -” Tome nota, Doutor Juscelino, o senhor ainda será nome de uma importante Avenida na Cidade de Pelotas”. Pois vale dizer agora – muitas décadas depois – que as consequências desse decisivo encontro dispensam outras explicações.
Juscelino assumiu a 31 de janeiro de 1956 e transferiu o poder para Jânio em 31 de janeiro de 1961. Pela Constituição de 46, o mandato presidencial era de cinco anos. Podemos dizer com tranquilidade que JK assumiu o poder poucos meses depois de visitar Pelotas em campanha.
DONA SARAH KUBITSCHEK EM PELOTAS
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Entre 1955 e 1961, um convívio elevado entre JK e Dom Antônio Záttera. Juscelino Kubitschek, o candidato, torna-se o 21º. presidente da República. Mário Meneguetti, amigo dos dois, deixa a prefeitura de Pelotas e torna-se ministro da Agricultura de JK (1956/1960).
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– “Senhor Bispo, estou vivendo um dilema: O Juscelino e eu temos que viajar agora em seguida para São Paulo. Mas antes nós precisamos chegar com vida ao aeroporto! Pelo amor de Deus, não corra tanto”.
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Vale lembrar que a UCPEL -Universidade Católica de Pelotas, então constituída através de promessa feita a Dom Antônio por Juscelino foi cumprida pouco menos de três meses dele terminar o mandato, a 7 de outubro de 1960. A Católica foi oficialmente criada pouco mais de 5 meses depois da inauguração de Brasília!
(O Dodge Dart com Dom Antônio ao volante trafegava pela Av Dom Joaquim e aproximava-se da antiga Avenida Argentina, tendo por destino o aeroporto de Pelotas. O casal que o acompanhava estava atrasado e JK tinha comício decisivo na capital paulista).