O ex-reitor da UFPel – Universidade Federal de Pelotas – Pedro Hallal, coordenador da pesquisa Epicovid, disse nesta quinta-feira, 24.06, à CPI da Covid que o país poderia ter salvado 4 em cada 5 mortes se tivesse acompanhado a média mundial. “Não é se estivéssemos com um desempenho maravilhoso, como a Nova Zelândia, Coreia, Vietnã. Se estivéssemos na média[…], teríamos poupado 400 mil vidas no Brasil”, afirmou o especialista. Ele também lembrou que, embora o país tenha 2,7% da população mundial, desde o início da pandemia, o Brasil “concentra praticamente 13% das mortes por covid no mundo”.
Segundo Hallal, para tirar o país da atual situação sanitária “o Brasil precisa urgentemente parar, integralmente, o país todo por três semanas”. Ele também reforçou a necessidade de intensificar o ritmo da vacinação. De acordo com Pedro, também se faz fundamental que sejam vacinados 1,5 milhão de pessoas diariamente no Brasil.
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O epidemiologista Pedro Hallal e o senador Marcos Rogério (DEM) trocaram farpas durante os questionamentos do governista durante a sessão. O senador, em uma de suas falas, questionou como Hallal havia contraído covid-19, dando a entender que o médico tinha ficado doente por não cumprir as medidas de isolamento. Hallal, por sua vez, ironizou Rogério afirmando que não esperava receber as perguntas feitas pelo senador. Rogério questionou Hallal sobre a pesquisa realizada por ele que aponta que a população indígena foi a maior vítima da COVID-19 no país. “Quais foram os métodos usados?”, perguntou o senador. Em resposta, Pedro Hallal informou que fizeram inquérito epidemiológico, que entrevistam pessoas que se auto-declaram indígenas. “O senhor foi até às aldeias?”, questionou Rogério. “Não”, respondeu Hallal. “Você não visitou uma aldeia indígena”, ponderou o governista. O governista então questiona se os autodeclarados índios poderiam ser verdadeiramente índios, já que não vivem em aldeias e sim em cidades urbanas. Em seguida, Pedro Hallal reitera que autodeclarar é o mesmo método usado pelo IBGE.
ENTENDA
A diretora-executiva da Anistia Internacional e coordenadora do Movimento Alerta, Jurema Werneck, e o epidemiologista, pesquisador e professor da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), Pedro Hallal, estiveram nesta quinta-feira (24) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID, no Senado. Ambos comparecem ao colegiado por solicitação do relator, o senador Renan Calheiros (MDB-AL). Os dois iriam depor nesta sexta-feira (25/6), mas tiveram o depoimento antecipado. Nesta quinta (24/6), Filipe Martins, assessor do Palácio do Planalto, seria ouvido, mas a oitiva com ele foi adiada. Nesta sexta-feira (25/6), a CPI vai ouvir o depoimento do servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda e de seu irmão, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF). Ambos apontam irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin por parte do governo federal.