De forma pioneira o site do Pelotas Treze Horas, começou a publicar ainda no ano passado, no dia 30.11.24, um roteiro cinematográfico sobre o pelotense ilustre, João Simões Lopes Neto. De autoria dos escritores Lourenço Cazarré e seu filho, Érico Cazarré, esta foi a primeira vez que um espaço pelotense e quem sabe do RS está publicando, semanalmente, um roteiro cinematográfico.
Ele está sempre aos sábados aqui no site – www.pelotas13horas.com.br – e se estenderá por mais 3 capítulos. Confira a VII Parte:
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AS MUITAS VIDAS DE JOÃO SIMÕES LOPES NETO – PARTE 7
Cena 42- Clube Ciclista
Animação mostra agora um letreiro estilizado do “Clube Ciclista” (com data de 1897). Aparece a imagem de um ciclista andando pelas ruas, ele aciona a campainha e pessoas saem da frente para não serem atropeladas. Surge o anúncio do desfile pela cidade. Imagens de eventos locais cheios de ciclistas. Imagem de ciclistas recolhendo donativos. Por fim surge uma animação da corrida entre um cavaleiro e um ciclista. Depois em uma pista de corridas de cavalos aparecem diversos ciclistas disputando. Ao final da cena surge Simões, imponente sobre sua bicicleta com uma borboleta negra no guidão.
Loc.
Depois de somar tantos insucessos em suas atividades empresariais, Simões passa a se dedicar principalmente às entidades públicas da cidade.
Loc 2
Em 1897 foi eleito o primeiro presidente do recém-criado Clube Ciclista. Era entusiasta do pequeno e versátil veículo. Queria que fosse usado em larga escala para fins de locomoção ou esporte.
Loc
Simões escreveu muito sobre o novo meio de transporte. Dizia que as bicicletas deveriam ter uma campainha.
Que deveriam portar uma lanterna a ser acesa quando começassem a ser ligados os lampiões de iluminação pública.
Loc 2
O escritor recomendava que as bicicletas fossem conduzidas em marcha moderada, e jamais por cima das calçadas.
Loc
Um mês depois de inaugurado, o Clube Ciclista anunciava “um alegre desfile pelas ruas da cidade”. A partir de então, grupos de pedaladores passariam a participar de todos os eventos locais.
Loc 2
Houve até mesmo uma disputa no hipódromo da cidade entre o gauchito Bento, montado a cavalo, e o ciclista Francisco Silva, o popular Velhinho.
Quem teria tido essa bela ideia?
Loc
Em 11 de março de 1900, no Prado Pelotense, os animais e seus jóqueis foram integralmente substituídos por ciclistas e suas magrelas. Só um dos sete pares não foi realizado: o das donzelas.
Loc 2
O escritor não disputava corridas, mas se apresentava em todos os eventos. Certa vez ostentou uma belíssima borboleta negra no guidão da sua bicicleta.
Loc
Para o escritor, o ciclismo poderia forçar os políticos a trabalhar.
Surgem letreiros com a frase “Se enchermos as ruas de bicicletas, a Intendência será obrigada a mantê-las transitáveis” e a indicação de autoria de João Simões Lopes Neto.
Cena 43 – Atividades cívicas
Na animação surgem imagens da Sociedade Agrícola Pastoril, logo após a Fachada da Exposição Rural de Pelotas, Pessoas na Exposição olhando as novidades.
Loc.
Embora distante da vida rural, que só viveu na infância, Simões foi um dos fundadores da Sociedade Agrícola Pastoril em 1898.
Loc 2
Foi também um dos organizadores da Primeira Exposição Rural de Pelotas.
Cena 44 – A Festa das Árvores
A animação começa mostrando a fachada do Esporte Clube Pelotas. A câmera se desloca entrando no local, vemos a área de convivência. A câmera vira-se rapidamente e mostra que a área verde do clube é um campo sem árvores. Surgem imagens de crianças plantando mudas nesse campo e na sequência vemos uma menina recitando a prece das Árvores e logo após o coro cantando o hino das árvores.
Loc.
Sempre ligado aos mais variados assuntos, o escritor se preocupou também com a preservação ambiental. A primeira Festa das Árvores foi realizada por sugestão dele em agosto de 1909.
Loc 2
O local escolhido foi o campo do Esporte Clube Pelotas que, mesmo dotado de boas instalações, não tinha uma só árvore.
Loc
Plantadas as mudas, começou a festa com música e foguetório.
No auge, uma menina que, ajoelhada, recita diante de uma laranjeira a Prece das Árvores.
Loc 2 (Voz de menina?)
No pomar e na floresta és o palácio do passarinho, o celeiro das abelhas, o pouso trescalante das borboletas, galopam em tua casca as diligentes formigas, a cobra peçonhenta grimpa tua ramaria e a própria onça feroz procura socorros nos teus braços.
Loc
A Prece das Árvores foi escrita, claro, por João Simões Lopes Neto.
Loc 2
Também saiu da cachola dele a idéia da encenação com a menina.
Animação: Simões aparece em um gramado, ao lado dele brotam rapidamente várias árvores, surge uma nuvem de gafanhotos e Simões a combate com um inseticida de bombear.
Loc.
O desmatamento já era um dos grandes problemas da região.
Loc 2
Numa exposição agrícola, o escritor sugeriu que fossem eliminadas as nuvens de gafanhotos que se formavam na Região do Chaco. Sugeriu também que os agricultores plantassem vimes, sisal, piteira e outras fibras em terrenos alagadiços.
Na animação Simões aparece em close, em seu ombro surge um passarinho cantando. A câmera se afasta e Simões fica ao meio dividindo a tela. No lado esquerdo aparecem as palavras “Animais úteis” e logo abaixo as imagens dos animais citados na locução. Na direta surgem as palavras “Animais inúteis” e as imagens dos animais citados como inúteis na locução. Depois a câmera se aproxima novamente de Simões, e vemos que ele está vestido com um jaleco que tem bordada a palavra “Veterinário”.
Loc.
João pediu ao governo do Estado que analisasse todos os medicamentos veterinários importados, proibindo aqueles cujo emprego não fosse permitido nos países de origem.
Loc 2
João também sugeriu “proteção pública para os pássaros úteis”. Logo essa ideia foi ampliada para todos os animais, que foram divididos em úteis e inúteis.
Macacos, furões e tatus abriam a lista dos úteis.
A dos animais nocivos começava com morcegos, guaraxains e iraras.
Cena 45 – Sociedade Protetora dos Animais
A animação mostra ruas de Pelotas. Surge na imagem a tropilha de vacas marchando e os filhotes carregados em carrinhos de mão. Também aparecem imagens de burros puxando os bondes. Surge então a imagem de Simões apresentando o cartaz da Sociedade Protetora dos Animais. Logo após aparece a faixa presidencial em seu peito.
Loc.
No começo do Século 20, os leiteiros percorriam as ruas de Pelotas tocando tropilhas de cinco ou seis vacas, que eram ordenhadas à vista dos compradores.
Loc 2
Marchando de manhã e à tarde, os animais ficavam esgotados. Muitas vacas eram acompanhadas por seus filhotes, levados em carrinhos de mão. Essa prática foi criticada por sua extrema crueldade.
Loc
Também havia quem se pronunciasse contra o tratamento imposto aos burros que puxavam os bondes da Companhia Ferro Carril.
Loc 2
Outros lamentavam até a sorte dos passarinhos engaiolados na Praça da República!
Loc
Os inconformados com os maus tratos criaram em maio de 1911 a Sociedade Protetora dos Animais.
Loc 2
Quem foi seu primeiro presidente? Será preciso dizer que foi João Simões Lopes Neto?
Loc
Pois é. Foi ele, sim.
Loc 2
Foi ele quem bolou a frase que serviria como divisa da nova associação: “Auxiliai a propaganda contra a crueldade: sem justiça para os animais, o civilizado nivela-se ao selvagem”.
Cena 46 – As mulheres
Animação mostra a fachada do Clube Caixeiral. Logo após aparece Simões em um palco discursando.
Loc.
Homem à frente do seu tempo, João também estava atento ao pouco espaço que as mulheres ocupavam na sociedade. Numa quermesse no Clube Caixeiral, ele pronunciou um discurso que vale a pena ser lembrado.
Loc 2 (Voz de Simões)
A mulher não é nem pior nem melhor que o homem. Se este tem a iniciativa da ação, ela tem a heroicidade para o sofrimento. As capacidades femininas têm sido motivo de desencontradas opiniões em todos os tempos, opiniões mais apaixonadas que raciocinadas.
A mulher não precisa de sabedoria, diz alguém. Não é a mulher que necessita, é a humanidade que reclama. O trabalho não tem sexo: exige capacidades, nada mais. Argumentam outros: a inteligência da mulher é inferior à do homem. Não é verdade: não é inferior, é diferente.
Cena 47 – Um patriota exaltado, a Coleção Brasiliana
Surgem imagens dos cartões da coleção Brasiliana, imagens da oficina de litografia. Primeiro saem cópias coloridas, mas logo após as figuras impressas são em preto e branco. Simões aparece novamente com uma expressão triste.
Loc.
Na sua a atuação cívica, João mostrava-se um nacionalista militante. Amava loucamente o Brasil, o Rio Grande do Sul e sua cidade natal.
Loc 2
Num dos seus arroubos patrióticos, ele imaginou uma coleção de cartões coloridos que reproduziriam datas importantes da nação e retratos de homens ilustres. Seriam doze séries de 25 ilustrações.
Loc
Os primeiros 50 cartões coloridos foram impressos na oficina de Eduardo Chapon, em Pelotas.
Os demais saíram em preto e branco.
Loc 2
Entre a primeira a segunda série, a Coleção Brasiliana começou a fazer água.
Passados quase dez anos, em 1915, a Livraria Americana ainda anunciava a venda de cartões da Coleção Brasiliana.
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Segue sábado que vêm…