AS MUITAS VIDAS DE JOÃO SIMÕES LOPES NETO – PARTE 6

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De forma pioneira o site do Pelotas Treze Horas, começou a publicar no dia 30.11.24, um roteiro cinematográfico sobre o pelotense ilustre, João Simões Lopes Neto. De autoria dos escritores Lourenço Cazarré e seu filho, Érico Cazarré, esta é a primeira vez que um espaço pelotense e quem sabe do RS está publicando, semanalmente, um roteiro cinematográfico.

Ele está sempre aos sábados aqui no site – www.pelotas13horas.com.br – e se estenderá por mais 4 capítulos. Confira a VI Parte:

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AS MUITAS VIDAS DE JOÃO SIMÕES LOPES NETO – PARTE 6

Cena 37 – Piscicultura

A animação mostra imagens do livro “Memorial sobre a Piscicultura”. Seguem-se imagens de Simões acompanhando o trabalho de pescadores. Depois ele aparece buscando a licença para a atividade. O certificado aparece primeiramente com um carimbo de negado, mas depois o carimbo some. Surgem imagens de pescadores tendo dificuldades para navegar em um mar agitado e o barco virando com a força das ondas.

Loc

A criatividade empresarial de Simões Lopes Neto não conhecia limites. Ele escreveu um “Memorial sobre a Piscicultura” que previa a constituição de uma empresa para explorar, em São José do Norte, a pesca, salga, secagem e conserva de peixe.

Loc 2

Documentos do arquivo do escritor mostram que ele estudou o assunto a fundo e chegou a pedir ao Governo Federal licença para instalar sua empresa. Mas a licença lhe foi negada.

Loc

Para alguns, o negócio nunca passou dos planos para a utilização dos pesqueiros naturais existentes nas costas oceânicas do extremo Sul.

Loc 2

Mas Ivete Massot garantia que o projeto chegou a ser implantado.

E que só fracassou porque seu tio contratou para trabalhar na árida e turbulenta costa marítima pescadores que, antes, atuavam na pacífica Lagoa dos Patos.

Loc

Há informações de que, após o naufrágio do seu sonho com a salga de peixes, Simões teria sido indicado para um alto cargo na Alfândega.

Loc 2

Mas ele não aceitou o cargo porque havia se comprometido com a esposa a levá-la à Exposição Nacional, no Rio de janeiro, realizada em 1905.

Cena 38 – Indústria de fósforos

Imagens de Simões novamente em um guichê. O papel entregue descreve uma “fábrica de phósforos”. O documento se perde em uma grande pilha de papéis.

Loc.

Na mesma época em que pensava atuar na piscicultura, Simões também namorou outra indústria que julgava promissora: a da fabricação de fósforos.

Loc 2

Chegou a pedir licença para a instalação de uma fábrica em Pelotas, mas seu requerimento jamais foi despachado.

Cena 39 – A guerra das mensagerias

Imagens das ruas de Pelotas. Surgem muitos garotos correndo com mercadorias e correspondências. Meninos usam bicicletas ou carinhos de mão. A animação mostra anúncios das mensagerias concorrentes, entra em destaque a “Veloz”. O letreiro da “Veloz” é substituído pelo “Mensageria David”. Aparecem a foto dos garotos com traje de gala e entra em cena os letreiros com frases dos anúncios.

Loc.

A rica Pelotas do início do Século 20, com seu comércio e indústria pujantes, chegou a ter quatro mensagerias em funcionamento ao mesmo tempo.

Mensagerias eram empresas de transporte de mercadorias e correspondência

Loc 2

A concorrência entre elas era dura e beligerante. Uma verdadeira guerra de anúncios era travada nos jornais.

Loc

As mensagerias empregavam basicamente meninos de 10 a 12 anos. Com carrinhos de mãos, bicicletas ou a cavalo, legiões de garotos uniformizados levavam à casa dos clientes as compras feitas no centro ou no Mercado, transportavam objetos e correspondência.

Loc 2

Uma dessas empresas, a Veloz, pertencia a David Meirelles, cunhado de João, que um dia resolveu entrar no negócio.

Simões então sugeriu a David que fechasse a Veloz por uns dias e a reabrisse em outro local, com outro nome.

Loc

Sabendo dessa trama, um adversário denunciou Simões como sendo o “proprietário encapado” da novíssima Mensageria David.

Loc 2

Qual o diferencial da nova empresa criada por João?

Seus garotos, além do fardamento comum, tinham uma farda de gala para os grandes dias: batizados, quermesses e falecimentos. Usavam dólmã militar, quepe, botas e luvas brancas.

Loc

Montados em cavalos, os garotos iam à zona rural ou até mesmo ao então longínquo bairro do Laranjal.

Loc 2

Uma mensageria ressaltava que só contratava seus meninos na Serra dos Tapes, por serem eles “verdadeiros matutos, mas bons, sem defeitos, sem vícios”.

A Mensageria David fechou em 1915.

Cena 40 – Mineração em Taió

Surge uma animação que acompanhará todo o relato a seguir. A animação mostrará Simões lendo um livro antigo, com imagens de uma mina de prata e um mapa indicando o local. Ele na sequência aparece em uma oficina e vê um exemplar do mesmo livro. Surge uma imagem de Simões em casa sentado em um sofá, em pé ao lado dele Dona Velha gesticula energicamente. Simões então aparece na rua, ajudando a carregar uma carroça que se afasta. Simões olha o veículo se afastar. Depois surgem imagens com destaques do artigo de Simões sobre a expedição. Na sequência Simões aparece passando em frente a uma rua movimentada e pessoas parecem caçoar dele pelas costas. Depois aparece uma amostra de prata sendo examinada por um cientista com uma lupa. O ferreiro reaparece com um sorriso sarcástico e Simões aparece novamente curvado escrevendo sobre a mesa. Destaque para a frase “Prata do Taió – Notas de uma expedição” em letra cursiva.

Loc.

A aventura mais fantástica de João Simões Lopes Neto teria sido, sem dúvida, o financiamento de uma expedição exploratória às jazidas de prata que existiriam na região de Taió, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina.

Loc 2

Um dia o destino – que costumava guiar o escritor por caminhos tortuosos – pôs-lhe nas mãos um romance sobre as tais minas inexploradas de Santa Catarina.

O escritor imaginou um fundo de verdade por trás daquela ficção.

Loc

Certo dia, quando foi à ferraria consertar de um de seus carros, Simões viu um exemplar do mesmo romance sobre um armário e puxou conversa com o ferreiro.

Loc 2

O ferreiro, de origem alemã, disse que lera o livro e que só não partira em busca das tais minas de prata porque não tinha recursos.

Loc

O escritor ficou interessadíssimo no assunto.

Loc 2

Informados dessa nova paixão, os parentes entraram em pânico. E pediram a Dona Velha que convencesse o marido a não se meter naquela aventura.

Loc 2

Ocorreu justamente o contrário. A esposa estava ainda mais empolgada com a história da prata que o esposo.

Loc

Pelotas ficou sabendo dessa incursão às minas de prata por um texto anônimo publicado em um jornal.

Loc 2

“Um engenheiro competente, respaldado por instrumentos e aparelhos próprios, ambulância de campanha e víveres, estará partindo em breve de Pelotas em busca de um incalculável filão de prata nativa pura”.

Loc

O artigo também relatava que a expedição fora preparada com prudência, método e rigor pela Empresa Mineração do Taió, fundada por um cidadão empreendedor e disposto a ir até o completo desengano.

Loc 2

O autor dizia ainda que só por ignorância do local exato ou por desânimo ninguém havia pesquisado antes a existência das tais minas de prata.

Loc

Para os historiadores, não resta dúvida de que, naquela época, só uma mente tão fervilhante como a de João Simões Lopes Neto poderia ter escrito aquele artigo.

Loc 2

O mistério em torno do nome do secreto investidor lembrava outras proezas anteriores do escritor.

Loc

Depois que partiu a expedição, integrada pelo ferreiro e por um ajudante, não se teve mais notícias dela por um bom tempo.

Loc 2

João chegou a escrever aos governos de Santa Catarina e do Paraná para que o ajudassem a localizar os fujões.

Loc

Os dias passavam. Pela cidade escorria uma grossa zombaria em torno do novo fracasso de João Simões Lopes Neto.

Loc 2

Meses depois, chega à cidade uma farta e misteriosa amostra da prata arrancada do ventre das terras catarinenses.

Surpresa geral, estupefação!

Loc

Pessoas sensatas sugeriram que as amostras fossem examinadas por um químico competente, o professor Emílio Leão.

Loc 2

O professor logo emitiu seu parecer. Aquilo era prata, sim, mas prata de moedas em circulação, moedas que teriam sido derretidas. Talvez até mesmo por um ferreiro. Certamente por um refinado malandro.

Cena 41 – Abelhas

Surge na tela uma imagem esmaecida de colmeias.

Loc.

Outro empreendimento malogrado de João Simões Lopes Neto teria sido a produção de mel.

Surge na tela a frase “O estudo da fauna, que tanto o atraia, acabou sendo a sua ruína. A vida das abelhas, que incitava a sua imaginação, o conduziu ao primeiro negócio” com a indicação da autoria de Ivete Massot.

Imagens de Simões conversando com Dona Velha, seguem-se imagens de abelhas, enxames. Vemos Simões andando em uma chácara e fechando negócio com o proprietário. Assinam papéis, instalam colmeias de madeira nas árvores. Recebem roupas de segurança e transportam os enxames. Depois vemos um homem gritando em frente à casa de Simões. Simões sai apressado. Chegam na chácara, as colmeias e a casa do homem estão em chamas. Simões leva as mãos à cabeça em desespero.

Loc.

Apaixonado pelo estudo da fauna, um dia o escritor anunciou à Dona Velha que ia criar uma indústria de mel.

Passou então a percorrer a periferia da cidade em busca de um lugar onde pudesse estabelecer suas colmeias.

Loc 2

Certo dia, ao visitar uma chácara que tinha muitas árvores frutíferas e canteiros de flores, o escritor fechou um contrato com o proprietário, um galego.

O chacareiro poderia continuar morando na sua casa e receberia, adiantado, o aluguel da propriedade.

Loc

Os enxames foram comprados no norte do Estado.

Da Argentina vieram capacetes e luvas especiais.

As colmeias foram construídas em Pelotas, onde também foram contratados alguns colonos colmeeiros.

Loc 2

Passaram-se alguns meses até que um dos colmeeiros foi desesperado à casa do escritor para relatar uma tragédia.

Uma menina batera nas colméias com uma vara, fora atacada pelas abelhas e estava à beira da morte.

Loc

O escritor correu então ao sítio.

Loc 2

Lá ele se defrontou com um espetáculo desolador. Os indignados colonos haviam tocado fogo nas colmeias e na casa.

Surge na tela a seguinte frase “João Simões Lopes Neto, com a nobreza e o caráter, que eram os traços primordiais de sua personalidade, desfez-se de outra casa e indenizou o galego para que o infeliz refizesse a sua vida e a sua chácara adquirindo novo arvoredo” com a indicação da autoria de Ivete Massot.

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Segue sábado que vêm…