AS MUITAS VIDAS DE JOÃO SIMÕES LOPES NETO – PARTE 4

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De forma pioneira o site do Pelotas Treze Horas, começou a publicar no dia 30.11, um roteiro cinematográfico sobre o pelotense ilustre, João Simões Lopes Neto. De autoria dos escritores Lourenço Cazarré e seu filho, Érico Cazarré, esta é a primeira vez que um espaço pelotense e quem sabe do RS está publicando, semanalmente, um roteiro cinematográfico.

Ele está sempre aos sábados aqui no site – www.pelotas13horas.com.br – e se estenderá por mais 6 capítulos. Confira a IV Parte:

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AS MUITAS VIDAS DE JOÃO SIMÕES LOPES NETO – PARTE 4

Cena 25 – A primeira obra impressa

Imagens da publicação intitulada “A Mandinga”, Correio Mercantil, e a representação do “preto velho” personagem da obra.

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A primeira obra de ficção de Simões Lopes Neto a sair na imprensa foi um mirabolante folhetim de 15 capítulos que ele escreveu na companhia de dois parceiros. Título: A mandinga.

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Segundo os próprios autores, A Mandinga era uma obra sem fio nem pavio.

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A mandinga tinha como personagem principal um preto velho famoso por suas feitiçarias.

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Esse texto de humor foi apresentado numa época em que maragatos e pica-paus se degolavam pelas coxilhas gaúchas.

Cena 26 – O sucesso de Os Bacharéis

A imagem se dissolve e surge novamente o Teatro, agora lotado. A plateia ri a aplaude Simões e Mouta-Rara que aparecem apenas de costas para a câmera, se curvando e agradecendo ao público.

Loc.

A segunda peça da dupla Serafim Bemol e Mouta-Rara – a comédia de costumes Os Bacharéis – foi encenada em 1894.

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Os Bacharéis foi o maior sucesso dramatúrgico de João Simões Lopes Neto e da história do teatro de Pelotas.

Teve oito apresentações naquele ano e muitas outras em anos seguintes.

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Opereta cômica em três atos, com 17 personagens e mais de 30 músicas, Os Bacharéis pretendia explicar a cidade de Pelotas aos que eram de fora.

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A primeira apresentação de Os Bacharéis foi saudada com uma explosão de palmas, gargalhadas e bravos homéricos. A peça abordava casamento civil, recrutamento obrigatório, amor pela música, ensino e as brigas habituais no Mercado.

Cena 27 – Um meteórico corretor de seguros

Surge o letreiro indicando o ano (1895). A imagem mostra agora Simões carregando uma pasta de corretor de seguros, mas ele rapidamente larga a pasta e segue seu caminho.

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Aos 30 anos, o despachante Simões Lopes Neto assumiu a função de corretor da New York Life Insurance, importante companhia de seguros.

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Nomeado em março, abandonou o cargo em julho, embora este lhe proporcionasse uma boa remuneração. Nada surpreendente para quem, anos depois, jogaria fora um cartório.

Cena 29 – O desassossego da dispersão

A animação apresenta imagens de recortes de jornal com a publicação de “Balas de estalo”. Na sequência fotos de alguns dos diversos empreendimentos de Simões surgem de forma confusa. A música se eleva e transmite o sentimento de desassossego.

Loc.

Em 1895, as “Balas de estalo” passaram a ser apresentadas em prosa.

Em setembro daquele ano, Serafim Bemol deu início a uma nova seção jornalística chamada “A semana passada (Semaninha)”, que durou só um mês.

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Como diria depois um dos seus biógrafos, João, aquele moço recém-casado, reconhecido por sua inteligência, padecia do desassossego da dispersão.

Cena 28 – A morte de Tandão

Animação indica o ano (1986). Depois Simões aparece já eleito recebendo um certificado e falando no plenário. A seguir, surge em cerimônias públicas discursando e cumprimentando pessoas.

Loc.

Em 1896 faleceu Catão Bonifácio, o pai de João Simões Lopes Neto.

Naquele mesmo ano o escritor foi eleito conselheiro da cidade. Recebeu 573 votos.

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Mas ao longo de seu mandato, que foi até 1899, ele pouco atuou em plenário. Preferia se dedicar às questões cívicas ou culturais.

Gostava de cerimônias públicas, adorava a comemoração de datas históricas importantes. Era louco por efemérides.

A animação volta a mostrar imagens de peças teatrais sendo aplaudidas pelo público.

Loc.

Em 1896 foram encenadas duas peças do escritor.

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A Mixórdia, lançada em maio, teve três exibições naquele ano. Era uma revista tragicômica e burlesca com muita verve e ditos picantes.

Em julho, foi a vez de a Viúva Pitorra, outra comédia que obteve grande sucesso.

Cena 29 – O Ano do Café

Agora a animação mostra Simões gesticulando energicamente, mas na sequência ele apalpa os bolsos que parecem vazios.

Loc.

João foi um bem-sucedido precursor dos publicitários. Costumava apresentar nos jornais, com estardalhaço, as muitas atividades em que se envolvia.

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Mas nunca logrou ganhar um dinheiro que o aliviasse das preocupações materiais.

A animação mostra Simões entrando em um galpão. Dentro do local, vemos um grande estoque de grãos, máquinas moendo e reembalando o produto.

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Em 1897, com a herança de seu pai, ele deu início ao seu primeiro negócio comercial próprio. Envolveu-se com o produto mais genuinamente brasileiro: o café.

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Começou com um mero depósito, mas logo passou a torrar, moer e distribuir o produto. Essa seria uma das suas mais breves incursões empresariais: duraria apenas um ano.

Mas que ano!

Imagens de diversos anúncios de jornais acompanham a narração.

Loc.

Ao longo de 1897, o escritor encheu as páginas dos jornais com propaganda grandiloquente. A publicidade era a alma e, aparentemente, o fim de todos os seus negócios. Como era do gosto da época, ele fez propaganda rimada.

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Do Cruzeiro o bom café/ tem fama que longe vai! / Pois se tão puro ele é,/ Do Cruzeiro o bom café? Ó leitor, provai, provai, / E comigo após bradai: / Do Cruzeiro o bom café,/ Tem fama que longe vai.

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O Café Cruzeiro acabou após uma grande briga jornalística, na qual o escritor acusou seus concorrentes de baixarem o preço para asfixiá-lo.

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Num artigo de jornal, ele perguntou: “Será possível vender a arroba do café torrado e moído a 15, 18 ou 20 mil réis quando o café em grão, cru, vale isso e ainda mais?” E respondeu:

“Basta misturar ao café o milho, cevada ou o trigo, que custam bem menos”.

Cena 30- União Gaúcha

A animação mostra danças gauchescas em centros de tradição, cavalgadas. Também surgem referências a Sociedade Agrícola e à filmagem da festa da união gaúcha.

Loc.

No final do século 19, os gaúchos começaram a valorizar suas tradições campeiras e guerreiras. Surgiram então os Clubes, Grêmios e Uniões Gaúchas em todo o Estado.

João Simões Lopes Neto se dedicou à essa e à muitas outras atividades cívicas.

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Só não participou da criação da União Gaúcha em Pelotas porque estava em viagem ao Rio de Janeiro com a esposa, mas seria depois um dos seus mais destacados integrantes.

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Nas ocasiões festivas, os integrantes da União Gaúcha mostravam suas habilidades campeiras em rodeios, aparte do gado, tiros de laço, marcação de animais e uso de boleadeiras.

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Foi de Simões Lopes Neto a ideia de filmar uma festa da União Gaúcha. A fita de 300 metros de extensão estava dividida em 14 quadros. O filme foi visto por milhares de pessoas.

Cena 31 – O cigarro do Diabo

A animação agora mostra de forma lúdica o surgimento dos cigarros “Diabo”. Imagens da indústria tabagista, letreiros com as palavras “Diabo” e “Diavolus”. Também surgem os desenhos do diabo do rótulo e os letreiros “em preços e condições vantajosas”, “rivalizando com o que de melhor se possa apresentar”.

Loc.

Em 1901, Simões começou um dos negócios mais duradouros da sua múltipla e intensa atividade empresarial.

Criou a fábrica de cigarros e beneficiação de fumos marca “Diabo”.

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A cidade já contava com outras quatro indústrias do ramo, mas três delas tinham nomes sagrados: Santa Bárbara, Santa Cruz e São Rafael.

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O nome oficial da empresa era Diavolus.

Entre as marcas da empresa, destacavam-se os cigarros “Coió” e “Macanudos”.

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Os pacotes de fumo e as carteiras de cigarros estampavam a figura de um Capeta assustador, de pernas abertas em uma passada larga, rabo espetado para cima e chifres pontiagudos.

A animação agora mostra Simões entre pessoas e na sequência apresenta uma imagem da Catedral de Pelotas.

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Investindo muito em propaganda, o escritor ganhou a simpatia de uma parte da população.

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Mas atraiu também a antipatia da poderosa Igreja católica e de uma multidão de carolas.

Surge na tela a seguinte frase “Nunca pensei que o mulherio de Pelotas vivesse tão intimamente com o diabo, a ponto de conhecê-lo pelo rabo” com a indicação de autoria de Simões Lopes Neto.

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Segue sábado que vêm…