ARTIGO – “TIO” MOACIR, LENDA DA MEDICINA DA UCPEL!

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“TIO” MOACIR, LENDA DA MEDICINA DA UCPEL!
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Um mineiro de “Belos Horizontes”
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Henrique Pires*
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Tio Moacir, assim as crianças da minha turma o chamavam naqueles distantes anos 70.
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Naquela época, Moacir Jardim, médico e professor universitário, também arrendava uns campos entre Pedro Osório e Arroio Grande, junto ao Arroio Parapó, lá  onde a placa indica “Matarazzo”. O lugar era muito interessante, havia um bosque de grossas oliveiras antigas e, sob elas, pastava o rebanho de ovelhas  que o “tio Moacir” criava. Eu gostava de ouvir aquela fala com sotaque diferente – mineiro – soube depois, e sua paixão pelas coisas gaúchas, que explicava para nós crianças, abrindo nossos olhos para as belas coisas do pago.
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Geralmente conversas na mesa das refeições, algumas destas preparadas por sua namorada de então, mãe de um amigo ou por sua própria mãe, que de vez em quando vinha de Minas passar temporadas no Rio Grande do Sul. Lembro da delicadeza dela e do ótimo arroz todo grudado (como dizíamos), completamente diferente daquele ao qual estávamos acostumados. Pouco tempo depois, longe de lá, passei mal numa pescaria de açude. Fui levado para casa, meu pai me deitou no sofá da sala e avisou que chamaria um médico. Eu disse: eu quero que o sr. chame o Dr. Jardim, que é meu amigo. Meu pai pretendia chamar um pediatra, mas respeitou minha vontade e ligou.
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Não demorou muito para ele estar ao meu lado, com sua pequena valise “tubiana” como chamávamos, forrada de couro marrom e branco, de onde retirou estetoscópio e iniciou o exame. Apendicite aguda foi o diagnóstico, que no mesmo dia me levou à sala de cirurgia do Hospital de Clínicas. Jardim agora no bisturi. Foi perfeito, permaneci uns dias no hospital e ele sempre presente, acompanhando minha recuperação lá e em casa, onde ia me ver e bater papo. Que baita médico, diziam todos que não o conheciam, admirados com a escolha que havia sido feita por um menino de 9 anos.
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Nossa amizade ficou consolidada. Não houve um momento desde então que nossos reencontros não fossem bons momentos de conversa,fosse num clube, na rua, ou no escritório do Genuíno Ferreira onde semanalmente havia uma roda de seresta que nos reunia em torno de um bom vinho.
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Lembro de muitas e muitas daquelas conversas, de fases boas e não tão boas da vida de ambos e ao fim de cada uma delas a minha certeza  de estar diante de uma grande figura humana.
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Soube hoje que ele nos deixou no inicio da madrugada. Foi na frente, naquela estrada que um dia também será nossa. Deixou boas lembranças e uma trajetória humana e profissional que o colocam entre os grandes desta terra. Que descanse em paz…