O QUE OS SÍRIOS TÊM PARA CELEBRAR
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Ivon Carrico*
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Difícil acreditar que a queda da cruel e infame Ditadura de Bashar Al-Assad possa, ainda, produzir algum sentimento de satisfação e/ou alegria no povo da Síria.
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Como em qualquer ditadura que seja defenestrada emergem muitas expectativas. A primeira é a de vingança. Uma caça desenfreada àqueles que produziram tanto horror, tanta dor. Não nos esqueçamos que a ‘dinastia’ Al-Assad imperou por 05 décadas.
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Após, sonhos reprimidos surgem, desde os porões das terríveis prisões até os bolsões de exilados no exterior. Estes, inclusive, estão retornando em massa à pátria-mãe. Nessa expectativa de uma nação mais justa, decente.
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Pessoalmente, tenho – entretanto – sérias dúvidas nesse resultado em razão do terrível histórico político-social-económico da maioria dos países do Oriente Médio.
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Quem não lembra da – ainda – recente ‘Primavera Arabe’? Quem, também, não se recorda das quedas do Kadafi, na Líbia e do Saddam Hussein, no Iraque?
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Por sua vez, a Síria, há muito, não tem paz. Como no Líbano, o País é composto por diferentes grupos étnicos e religiosos que se digladiam pelo Poder. Agora, não será diferente.
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O Brasil possui uma das maiores comunidades de imigrantes sírios. E, muitos dessa descendência têm e/ou tiveram relevantes destaques na vida nacional. São incontáveis esses exemplos.
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A Síria vive conturbados dias. Não bastasse essa verdadeira guerra civil instalada, sobra – ainda – pros sírios o oportunismo do Netanyahu, Primeiro-Ministro de Israel, que teima em expandir sua política de terra arrasada, para se impor. Que, todavia, pode ter o efeito contrário e ser, então, o prenúncio – sim – da sua queda, também, iminente. O tempo é o Senhor da razão.
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*Ivon Carrico é pelotense, mora em Brasília, atuando na administração há quase 50 anos. Atuou na ANVISA e na Presidência da República. Brasília – 14/12/2024