ARTIGO – O HIPERTEXTO E A EVOLUÇÃO DO LIVRO

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O HIPERTEXTO E A EVOLUÇÃO DO LIVRO

Neiff Satte Alam*

Lentamente vamos aproximando nossos procedimentos cerebrais aos procedimentos tecnológicos no que diz respeito à forma de registrarmos o conhecimento. Nosso cérebro funciona de maneira não linear, mas, durante muitos séculos aprendemos, ensinamos e registramos o conhecimento linearmente. Desde as placas de barro dos Sumérios até o livro impresso dos dias atuais, o que estava escrito tinha um direcionamento único. Dentro destas tecnologias, aprendemos a utilizar cada manifestação escrita dentro dos limites do texto, no máximo buscando outros “livros” para dar continuidade ou divergir de algum pensamento.

Com a informatização e com o advento de uma rede de comunicação através dos computadores ( a Internet), desenvolveu-se um novo elemento, o hipertexto. Este novo elemento permitiu-nos invadir áreas conexas e retornar ao texto original em uma mesma sequência de leitura. Esta nova tecnologia permite uma gradual substituição do livro impresso. Talvez não com a velocidade que se espera, pois muitas situações deverão ser observadas para que finalmente o livro impresso, da forma como o conhecemos, venha a ser substituído pelo livro eletrônico, principalmente por haver uma tendência natural a ocupar um espaço sem fronteiras, o ciberespaço.

É natural que esta nova tecnologia deverá superar a cultura atual de utilização do livro impresso e, como consequência, criar outra cultura – a cultura do livro eletrônico,  não somente por uma questão tecnológica, mas também em razão de ser uma forma similar a do funcionamento de nosso cérebro. Parece-me, então, que a questão tecnológica precede a questão cultural, isto é, as novas tecnologias na produção de livros promoverão uma nova visão cultural quanto ao seu uso, isto é, a evolução do livro se deve as novas tecnologias e, como consequência, uma nova cultura de uso, principalmente quando passa a ser de disponibilidade a um número maior de pessoas. No momento, por uma série de razões, o livro impresso ainda pode ter mais acesso do que o livro eletrônico.

*Professor, Biólogo e integrante da Equipe Treze Horas