ARTIGO – EQUÍVOCOS PODEM AMPLIAR OS PROBLEMAS DA EDUCAÇÃO NO PAÍS!

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Equívocos podem ampliar os problemas da Educação no Brasil!

Neiff Satte Alam*

A retomada do ano letivo vem sendo tratada como uma questão a ser analisada pelos profissionais da saúde e pelos economistas, ambos abordando o tema dentro de suas áreas. Trata-se de uma atitude equivocada, pois se esquecem estes especialistas que o tema é mais complexo e deve ser visto, tratado e ter solução encaminhada pelos profissionais da área da Educação – os Professores.

Mesmo que os riscos de contaminação atinjam índices que permitiriam a presencialidade e que, estando em aula, os alunos voltariam a pagar as mensalidades escolares, a questão de ensino não estaria contemplada antes de uma avaliação sobre a possibilidade real de se viabilizar um trabalho adequado e regular daqueles milhares de estudantes que tiveram quebrado o ritmo natural deste ano letivo.

Sete ou oito meses deste ano de 2020 teriam que ser recuperados ou o ano teria que ser iniciado, pois no caso das Escolas Estaduais quase a totalidade destas sequer tinha concluído o ano letivo de 2019. Na verdade estaríamos passando para o ano de 2021 um passivo impossível de ser resolvido sequer no primeiro semestre daquele ano.

O prejuízo, que realmente ocorreu, estaria sendo ampliado se fizéssemos esta retomada neste ou nos próximos meses; nem teríamos tempo de uma preparação adequada para tomar todas as medidas pedagógicas necessárias para minimizar este prejuízo, estaríamos, na verdade, empurrando o problema para os próximos anos e não corrigindo o rumo e retomando o processo de ensino aprendizagem.

Está claro que esta lacuna ficará como sequela da pandemia, mas cabe aos profissionais da Educação em reduzir, mitigar, o dano. Isto se houver garantias de que o problema sanitário está resolvido, que alunos e professores não correm mais riscos de contaminação e que os protocolos estão perfeitamente sendo seguidos por todos. Se assim não for, o reinício das atividades escolares poderá até nem acontecer no início do próximo ano.

O que parece mais correto é desenvolver um planejamento em sistema semipresencial quando for possível e totalmente on-line quando a presencialidade, mesmo que parcial, não for segura, utilizando todos os professores, tanto da rede pública quanto da rede particular, no sentido de darem curso a uma retomada do Ensino com segurança e já prevendo a possibilidade de enfrentamento de crises semelhantes, no futuro, com menos dificuldades, seria uma “sustentabilidade educacional” com base em um aprendizado e desenvolvimento de uma capacidade de prática reflexiva, tão escassa neste momento, sobre o antes, o agora e o depois de qualquer ação.

Enfim, este lado da moeda tem a marca do profissional da educação – o Professor, e a ele deve se dar a responsabilidade da decisão sobre os problemas desta área, sempre respeitando as conexões com as áreas da Saúde, Economia e das demais, mas sempre tendo em conta que a exclusão do debate sobre o retorno as aulas, que parece é o que está ocorrendo, dos professores, em detrimento dos demais, é um equívoco lamentável, que poderá ampliar o dano enorme a que estão submetidos os alunos da Educação Infantil, Educação Básica e Ensino Superior.

*Professor e integrante da Equipe Treze Horas