ARTIGO – DAS TANTAS CORES E (DIS)SABORES

255

DAS TANTAS CORES E (DIS)SABORES

Ivon Carrico*

De Cavalcante – Goiás

Confesso que não foi nada fácil este final e início do ano na Capital Federal. Os últimos acontecimentos experimentados têm nos deixado apreensivos e – também – angustiados.

Difícil compreender e explicar às novas gerações como nosso País chegou à tamanha dissensão. Mas,… seria isso, realmente, um agravante para uma possível ruptura político-institucional?

Para uns na almejada pax social não existem contrapontos e divergências. Para outros a dissonância é bem vinda e devida, porque plural.

Em nosso País temos a sorte da presença de tantas etnias, raças, costumes, cores, sabores e,…dissabores. E, é esta pluralidade, que aparentemente nos contrapõe, que nos identifica, une e encanta.

Em andanças esta semana pelo nosso Sertão, em pleno Planalto Central, constatei – mais uma vez – a riqueza desta diversidade.

Ontem no Cerrado tocantinense e, hoje, na Chapada dos Veadeiros, em Goiás, dei um mergulho na história e imaginei a vida daqueles tantos que nos precederam por esses sítios e que tanto contribuíram para a construção deste País tão diverso.

E, aí fico me indagando: por que então – hoje – temos tantas dificuldades para encontrar um rumo neste País? Teríamos mais coisas que nos separam do que nos unem?

A polarização ideológica, por ser intrínseca a essa pluralidade, não poderá ser um motivo de cisão como querem alguns. Jamais um divisor de águas.

Mas, sim – vista como um encontro dessas águas onde possamos fluir com mais intensidade e grandeza. Somos diversos porque grandes. É esta a nossa vocação.

*Ivon Carrico é pelotense, mora em Brasília, atuando na administração há quase 50 anos. Atuou na ANVISA e na Presidência da República. Brasília: 28/01/2023