O SILÊNCIO DOS BONS
Ivon Carrico*
Atribui-se ao Martin Luther King uma frase de valor inquestionável: “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”.
Aqui, o grande líder pacifista americano fez uma significativa remissão ao poder destruidor da omissão e da indiferença.
Nada mais relevante para aquele momento, idos de 1960 – em que a sociedade, nos Estados Unidos – discutia acerca dos direitos civis e da inclusão social das minorias.
Já, em Cálice, nos idos da década de 1970, na famosa canção, o Chico Buarque – sutilmente – nos remete às dificuldades experimentadas no Brasil e na vontade em querer ser ousado e superar o silêncio, senão vejamos:
“Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado (…)”
Por sua vez, hoje, neste domingo em que se celebra o Dia dos Pais, o Evangelho de São Lucas nos exorta, também, a refletir sobre as consequências da indiferença, quando nos traz a célebre assertiva de Jesus Cristo: “Eu vim para lançar fogo sobre a terra”.
Talvez a imagem do fogo nos assuste, mas em sua exortação Cristo, muito antes, já nos lembrava, também, sobre isso. Precisamos ser fogo que encandece os corações! Para superar o fechamento decorrente da omissão e do silêncio.
Nos dias atuais, diante da proliferação de tantas inverdades e, em um momento em que a nossa Nação decidirá sobre o seu rumo, precisamos nos fazer ouvir e ser fogo frente a essas e outras tantas ignomínias. Não serão os maus que assegurarão o nosso futuro e nossas circunstâncias. Pensem nisso.