ARTIGO – DA SENZALA PRA FAVELA

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DA SENZALA PRA FAVELA
Ivon Carrico*
Esta sexta-feira marcou os 134 anos do fim da escravidão no Brasil. Esse triste período teve início,  ainda, na primeira metade do século XVI perdurando até 1888, com a edição da Lei Áurea, às vésperas da Proclamação da República.
Mas, na realidade, como foi essa alforria? Porque, àquela ocasião e, mesmo – por praticamente todo o Século XX, o Estado brasileiro pouco ou quase nada se preocupou com o destino e a emancipação desse sofrido povo, em face da ausência de políticas públicas para acolher essa imensa comunidade. Daí que o negro saiu da senzala e foi parar na favela.
Bem ao contrário da imigração européia, no Sul do País, e da imigração japonesa quando muitos dos recém-chegados foram contemplados, pelo Estado, com terras e outros benefícios.
Em 500 anos de história as sucessivas governanças, as elites e as oligarquias brasileiras nunca tiveram qualquer preocupação com esse imenso e apartado contingente da população.
Creio que essa preocupação começou a se delinear no Governo Lula com a implantação das políticas de inclusão social, que foram um significativo avanço. Mas, que precisam ser – ainda – melhor implementadas para o completo resgate dessa enorme dívida social.
O Brasil precisa contar melhor essa saga, ainda que triste, para que possamos conhecer e aprimorar essas políticas públicas. O que se viu foi um apagamento de parte da nossa história.
O negro deu grande contribuição à construção e consolidação da nossa Nação e merece o devido reconhecimento e respeito.
*Ivon Carrico é pelotense, mora em Brasília, atuando na administração há quase 50 anos. Atuou na ANVISA e na Presidência da República. Brasília: 13/05/2022