AS NOVAS LIDERANÇAS
Ivon Carrico*
Em excelente artigo na Folha de São Paulo, no último sábado, o Jornalista Uirá Machado destacou o recém-lançado livro “Lideranças Políticas no Brasil – Características e Questões Institucionais”, da Cientista Política Vera Chaia, que – a frente de um Grupo de 24 Pesquisadores – traça o perfil de mais de 200 líderes de momentos diferentes da história do Brasil.
Evidenciou o consagrado Jornalista que esse Projeto se desenvolveu na esteira das manifestações de junho/2013 e que o referido livro lembra que “é a partir desse momento que se inicia um processo de reordenamento do campo político nacional e, consequentemente, das lideranças que nele atuam”.
Segundo o citado Articulista, boa parte desse livro é dedicada aos diversos movimentos sociais que, dentre outras características, estruturam suas ações com o auxílio da Internet. Como o MBL.
Daí que, para a Vera Chaia, emergiram lideranças sem preparo, sem noção do que é política, do que é espaço público e sem noção da história.
Aqui, por oportuno, lembro o que o Umberto Eco, escritor e semiólogo italiano, afirmava: “as redes sociais deram voz a uma legião de imbecis”.
Assim – como asseverou o citado Jornalista e, de acordo com essa Cientista Política – as recentes declarações do Deputado Estadual/SP Arthur do Val – um dos expoentes do MBL, sobre as mulheres da Ucrânia – sintetizam e evidenciam a falta de preparo dessas novas lideranças, eis que construídas e calcadas em cima do uso intenso das redes sociais.
Para os mais desavisados destaco, entretanto, que o Arthur do Val é um jovem YouTuber que – por meio do seu canal ‘Mamãe Falei’, com mais de 2,7 milhões de seguidores – teve a proeza de consolidar sua plataforma eleitoral, conseguindo ser eleito, em 2018, para a Assembléia Legislativa de São Paulo, com quase 500 mil votos. Foi o segundo mais votado.
Isto posto, em face da proximidade do pleito majoritário nacional, neste ano, e do apelo das redes sociais, com certeza surgirão discursos torpes, como o acima referenciado, desprovidos de conteúdo e de comprometimento.
Entendo, então, que o eleitor brasileiro deva ter o conhecimento, a sabedoria e a consciência necessárias para não se deixar levar por discursos inflamados de pessoas como aquelas referidas pelo Umberto Eco.
*Ivon Carrico é pelotense, mora em Brasília, atuando na administração há quase 50 anos. Atuou na ANVISA e na Presidência da República. Brasília: 23/03/2022