ARTIGO – CEM DIAS

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CEM DIAS
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Renato Varoto*
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Como lembrei em outro comentário o costume de conceder ao novo dirigente 100 dias para que ele organize a casa surgiu em 1932, quando Eleonor Roosevelt sugeriu ao presidente eleito que pedisse ao povo norte-americano um tempo para vencer a crise de 1929. O povo acreditou e o costume se espalhou pelo mundo.
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Agora Marroni e Daniela o tempo de espera da “Nova Frente Popular” está a terminar. Aproximam-se os cem dias. Queremos resultados, no mínimo aqueles prometidos em campanha, ou seja, “o processo de reconstrução que Pelotas precisa”. Como cidadão e eleitor vou cobrar até a última linha. Por ora confesso, de modo sintético, que estou razoavelmente satisfeito, mas quero mais, muito mais.
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Já ao início preciso penitenciar-me com a Primeira Dama/Vereadora/Secretária/Esposa/Mãe e Avó. Confesso haver errado quando avaliei que ela não teria folego suficiente. Errei e errei feio. Até onde acompanho tem se desempenhado de forma brilhante em todas as atividades.
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O mesmo já não posso dizer de alguns secretários, que, além de Pelotas não saberem quem são, até agora só se apresentaram para receber os salários. Algumas políticas precisam de reformas profundas e urgentes. Cito resumidamente: A segurança pública exige maior presença dos agentes nos espaços públicos. Desfiles de motos e camionetas nada resolvem, até mesmo porque alguns circulam grudados aos celulares. O mesmo vale para os agentes de trânsito, que não enxergam dezenas de motos sem placas; motoqueiros sem capacetes e de chinelo de dedos, além de ultrapassagens indevidas, principalmente nas sinaleiras. Quando, eventualmente, tiram os olhos dos celulares, multam aleatoriamente o primeiro que passa.
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A política social em quase nada avançou apesar das novas secretarias, os moradores de rua aumentaram; o menores perambulando pelas ruas e comendo lixo é devastador; os confrontos de diversidade e o desrespeito à mulher são apenas alguns exemplos de que estacionamos ou estamos a retroceder. O povo tem medo de sair às ruas. Inexiste qualquer agente público (municipal ou estadual) ao alcance dos olhos. Polícia tem de estar nas ruas vendo e sendo vista.
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A saúde capenga à espera de um Pronto Socorro que não se sabe quando será entregue à população.
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Cultura e Educação estão estagnadas a espera de algum milagre. A cada dia se vê desaparecer um imóvel de valor histórico e protestos por falta de professores.
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A sujeira e a buraqueira da cidade são assustadoras. A chamada “zeladoria” não tem mostrado o mínimo de zelo. As podas recolhidas são colocadas em algum canto à espera que apodreçam ou alguém mande recolher, Servem ainda de banheiro público, vez que o mais central da cidade está fechado desde a Feira do Livro (outubro de 2024).
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Fico por aqui, mas sempre vigilante. Falta, por certo, muito a abordar.
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Por fim os pelotenses tem a sensação de que existem três níveis de governo, à saber: o núcleo duro; o de competência relativa e o baixo clero.  Por assim ser, Senhor Prefeito, seria importante que ouvisse não apenas os baba-ovos que saracoteiam a sua volta, mas pessoas e lideranças que conversam e ouvem o povo nas ruas, inclusive os marginalizados que moram de porta em porta e comem pelas mãos da caridade alheia.
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Por derradeiro:  apostei e aposto que teremos uma nova Pelotas, que possa mais uma vez ser aclamada “Princesa nos campos do Sul”.
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Se em alguns momentos parece que fui duro, mas não, apenas verdadeiro.
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Pelotas, 1º de abril de 2025
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*Jornalista, advogado e professor e integrante da Equipe Treze Horas.
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