RANZOLIN NÃO TERIA FEITO ISSO….
Por Clayton Rocha
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Nem Ranzolin, nem Flávio Alcaraz Gomes, nem Pedro Carneiro Pereira, nem Jorge Alberto Mendes Ribeiro, nem Ruy Carlos Ostermann, nem Lauro Quadros, nem Cândido Norberto! Nenhum deles teria feito “vistas grossas” quanto à cobertura das Semifinais do Gauchão de 2022, se 4 clubes – e não apenas dois – a alcançaram com os seus próprios méritos.
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O rádio da capital, qualificado, poderoso, e de longo alcance, desconheceu e desprezou Ipiranga x Brasil de Pelotas em suas horas históricas, e nem mesmo levou em conta os horários diferenciados dos jogos da ARENA e do Colosso da Lagoa. Não transmitiu a outra semifinal porque não quis, relegando-a a um evento menor, merecedor tão somente de um serviço de estádio com um repórter anunciando tempo e placar da partida.
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O rádio de Porto Alegre sempre tão bem patrocinado, e já com os olhos postos no Mundial do Qatar, fez pouco caso de Ipiranga x Brasil de Pelotas porque estes são clubes do interior do Estado? Agiu assim por desprezo? Eliminou-os de um grande momento de vitrine radiofônica para que não atrapalhassem o conteúdo de uma grenalização até mesmo doentia? Afinal de contas, o que significa o interior do RS para todas essas pessoas, cuja soberba autoritária é capaz de punir os seus próprios ouvintes, estes tão interioranos como muitos deles?
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Maurício Sirotsky Sobrinho também teria agido com grandeza e respeito ao interior do Estado, este interior que também era dele e do qual tanto se orgulhava desde os tempos dourados da Passo Fundo da sua adolescência.
Mas e os outros, os seus seguidores, além dos funcionários de um Grupo que se fortaleceu no Rio Grande de todos os gaúchos, qual terá sido a razão desse gesto menor, castrador, que vetou, e sem nenhuma explicação, a transmissão completa das Semifinais do campeonato gaúcho de 2022.
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Porto Alegre se basta? O restante do Rio Grande do Sul não vale mais nada? Grande parcela da população da região metropolitana não tem, por acaso, suas raízes fincadas no próprio interior do Estado?
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Esse gesto menor, protagonizado pelas grandes rádios de Porto Alegre em relação aos “Semifinalistas de 2022”, que dispensa explicações simplórias e esfarrapadas, vale – ao mesmo tempo – para mostra-nos que os grandes narradores, comentaristas e chefes de equipes esportivas de décadas já vencidas permanecem mais vivos do que nunca entre nós, graças aos respeitáveis exemplos de humildade e de amor ao esporte que foram oferecidos ao público ouvinte do Rio Grande do Sul.
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Para sorte nossa, esses “sinais de luz” de outras épocas nos ajudam a vencer a pobreza de espírito reinante nestes tempos emblemáticos e, sobretudo, dolorosamente vazios em conteúdo e em demonstrações de respeito ao devotado ouvinte de rádio de um Rio Grande do Sul que não merece ser fatiado em sua geografia por conta de interesses outros, estes também associados ao estrelismo desprezível de alguns poucos. Ainda bem! (CR)
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João Saldanha já nos dizia, lá naquele distante ano de 1985, quando de suas andanças pelo Bento Freitas: – Pois que cada um vista livremente a sua camiseta preferida, aqui, ali em Rio Grande ou em qualquer outro lugar, mostrando-nos que essas marcas do “berço do futebol” ainda são capazes de vencer distâncias e de sensibilizar a gigantesca metrópole do pago, pois esta – ainda que esteja envolvida por sentimentos de superioridade – jamais deixará de ser endereço referencial de um povo orgulhoso de sua história esportiva.
