ARTIGO – A EDUCAÇÃO DEVE MIRAR O FUTURO OLHANDO PARA O PASSADO!

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A Educação deve mirar o futuro olhando para o passado!
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Neiff Satte Alam*
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Nos séculos que antecederam os séculos XX e XXI não se tratava mal a infância, pois era absolutamente ignorada. Não que não se reconhecesse a criança, mas era assim considerada, como criança, durante um curto espaço de tempo. Logo que desmamava e começava a conviver no mundo dos adultos, ser útil nas tarefas a elas confiadas, passava a ser considerada adulta, juridicamente adulta.
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Vem do campo, como todas as grandes revoluções, a Revolução Francesa, que até os dias de hoje interfere nos paradigmas sociais, políticos, econômicos e educacionais, embora o campo não tenha sido o maior beneficiado, encaminhou uma mudança que praticamente faz decolar a Revolução Industrial. Surge uma nova sociedade onde o poder passa a ser dividido entre os monarcas e os burgueses. A dicotomia de controle da Sociedade define-se entre o Poder do Estado e o Poder da Iniciativa Privada – o Público e Privado. O Poder Público, em qualquer regime é o lugar da política e o Poder Privado é o lugar da ética. Equilibrados, determinarão o equilíbrio da sociedade. Ambos, dentro da modernidade, buscam um melhor encaminhamento para a questão da infância.
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Com a Revolução Industrial a mulher passa a desempenhar um papel importante também fora do lar. Os cuidados com os filhos deverão ser divididos com outras pessoas para que as mães possam trabalhar nas fábricas. O surgimento da mulher operária coincide com a necessidade de locais mais adequadas para que seus filhos tenham os cuidados e ensinamentos que não são mais possíveis da forma como eram feitos.
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As Escolas Guardiãs, como eram chamados os locais onde ficavam as crianças, surgem no mesmo momento em que se reconhece que as crianças também são responsabilidade da sociedade, mesmo que não sejam órfãs, pois estes eram distribuídos para outras famílias com a morte dos pais, mais como uma nova força de trabalho do que por caridade (neste caso, as crianças eram disputadas, principalmente se eram do sexo masculino).
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Reconhece-se, por outro lado, que há um desenvolvimento biológico mínimo para que uma pessoa possa ingressar nos meios de produtividade e, principalmente, tem que ter um aprendizado adequado e que leva algum tempo. A construção do homem adulto se dá a partir da concepção, não de forma determinista, mas em permanente e incerta transformação aumentando a responsabilidade dos adultos sobre as gerações futuras. A infância é cada vez mais tratada como centro decodificador das informações inatas e modelador para uma realidade que integra o homem como parte do sistema planetário, mais do que uma visão holística, uma visão de ecologia profunda.
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Hoje, a educação infantil deve encaminhar-se para uma concepção de que o sistema vivo é autônomo. Logo o meio ambiente não dirige as mudanças, mas apenas as desencadeia. Quem especifica as mudanças é o ser vivo, não apenas as estruturais, mas as próprias perturbações vindas do meio ambiente. Naturalmente estamos considerando, nesta interação cognitiva/ambiental, a concepção de autopoiese de Maturana – “a cognição é a atividade envolvida  na autogeração e autoperpetuação de redes autopoiéticas”, que serviram de base para teoria de cognição de Santiago.
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Entretanto, torna-se difícil compatibilizar todo este raciocínio que nos leva a um processo de construção do conhecimento contextualizado e em perfeita sintonia com o desenvolvimento ontogênico com as conveniências de controle social, discriminação entre os diferentes estratos sociais e econômicos e busca de poder controlador dos diferentes grupos sociais.
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Difícil, mas não impossível. Remover obstáculos, alicerçar ideias, aproveitar-se dos erros de forma positiva, reorganizar o caos pela dinamicidade dos processos de aprendizagem têm sido as competências buscadas através dos tempos para superarmos o obscurantismo que se avizinha a cada crise.
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Enfrentamos a “não escola”, a escola guardiã, a escola preparatória e chegamos a uma Educação Infantil com função educativo-pedagógica, constitucionalmente garantida em razão de uma persistência de milhões de educadores. O setor Público parece que finalmente e felizmente assume sua responsabilidade Política para a educação e esperamos que o setor Privado assuma o compromisso de ser o lugar da Ética.
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Serão as políticas públicas de educação que nortearão os caminhos futuros da Educação Infantil e os setores privados, pelos seus representantes ou por suas ações diretas que darão o respaldo para que estas políticas se concretizem, sempre em busca da verdade – a verdade é sempre relativa, pois relaciona-se com o conhecimento que se tem de algo e a realidade deste mesmo objeto de conhecimento.
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A evolução se dá por um processo de busca de uma nova organização não obrigatoriamente seletiva. Isto serve também para compreensão dos caminhos a percorrer na busca de uma nova ordem (que nunca será a última) para a Educação Infantil.
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Nos primeiros anos de vida o homem disponibiliza a maior parte de sua informação genética básica que lhe garantirá especificar todas as mudanças que se fizerem necessárias para sua integração no ecossistema que o abrigará como parte integrante e não como apêndice, é neste momento que devemos dar o máximo possível de atenção ao seu aprendizado, fortalecendo a Escola, o educador e o aprendiz. Terá que ser uma escola cuja sala de aula tenha as dimensões do Universo e que a imaginação da criança recrie este universo autogerando-o e autoperpetuando-o.
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Professores especializados em Educação Infantil, Pedagogos, Psicopedagogos e Orientadores Educacionais são o presente e o futuro da equipe que deverá coordenar o trabalho de ensino aprendizagem das crianças de 0 a 5 anos nas Escolas Infantis. Somam-se a estes um pessoal de apoio para cozinha, limpeza e manutenção. O cuidado para com estas crianças jamais poderá sofrer recuos à época das Escolas Guardiãs, pois isto comprometeria a evolução cognitiva destas crianças e, automaticamente, o seu futuro, pois serão os jovens e adultos que darão continuidade a uma sociedade física e intelectualmente saudável.
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Naturalmente, tudo isto não retira o compromisso das famílias no processo de desenvolvimento cognitivo e de princípios éticos, intimamente vinculados a educação em casa, que poderão ser reforçadas na Escola; é em momentos de crise, como o caso desta Pandemia da COVI|D 19, que se vê o grau de cuidados que o Estado tem com seu povo;   dos cuidados com seus profissionais da área da Educação, em todos os níveis; com os investimentos nesta área; com o cumprimento de todas as propostas em Planos de Governo que eram apresentados em campanhas eleitorais.
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Vejam, então, a enorme responsabilidade deste profissional, o Professor, para a inserção das pessoas, desde a Educação Infantil, no mundo real do trabalho, quase sempre seu trabalho é prejudicado pela inexistência de um compromisso de seus empregadores, sejam do Sistema Público ou Particular de Ensino, para que possa realizar seu trabalho com eficiência.
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Além disto, há uma enorme interferência de pessoas desprovidas de conhecimento da área da Educação, que se arvoram a dar orientações e a fazerem críticas do trabalho dos Professores e dos Especialistas em Educação e, pior, interferindo em suas atividades.
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Neste momento de uma crise sanitária planetária, as discussões sobre como tratarmos dos cuidados com esta doença é responsabilidade dos profissionais da área de    saúde, isto ninguém discute, mas a interferência na área de educação parece que é discutida, criticada e tem decisões de profissionais de todas as áreas. Um total desrespeito ao Professor, que é quem entende do assunto e é ele quem deve ser ouvido e chamado a opinar sobre e como deve se comportar a Escola, quais as melhores soluções para minimizar os efeitos no desenvolvimento cognitivo das crianças, adolescentes e adultos que transitam e dependem do trabalho destes profissionais.
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Se  as Escolas estão despreparadas para enfrentarem estes momentos de crise, mais se deve ao descaso dos administradores públicos que fizeram demagogia com a implantação de políticas de governo de absoluta desvinculação com a realidade e necessidades de investimentos nos profissionais da educação, que, é bom que saibam todos, principalmente os que acham que os professores estão em suas casas sem fazerem nada, que o trabalho remoto está a exigir muito mais do que a forma presencial, pois não há mais hora para trabalhar. Muitas escolas realizam reuniões online, com seus professores, de noite e em fins de semana. Não são apenas as crianças que estão sofrendo com a falta de presencialidade, mas é a saúde também destes profissionais que está a ser protegida, embora muitos tenham perdido a vida para o coronavírus, um dado estatístico que nos entristece.
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Quando vencermos esta crise sanitária e voltarmos às atividades dentro da normalidade, espera-se que todos dirijam seu olhar à Educação, aos profissionais desta área e o que tudo isto representa para que o futuro de nossas crianças seja qualificado e digno o Professor respeitado como merece!
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*Professor