OS CÓDIGOS DA “ESTAÇÃO CERRITO”
A partir de 1866.
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Clayton Rocha*
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Entre os Séculos XVIII e meados do Século XIX, o telégrafo tornou-se o único meio rápido de comunicação à distância disponível, baseado na emissão de impulsos eletromagnéticos. Através da corrente elétrica havia a transmissão de ” códigos “que correspondiam a letras do alfabeto, e a junção dos “códigos” formava mensagens.
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Se o “João de Barro” tem muito a ver com o Cerrito por conta de suas construções e de sua capacidade de trabalho, aqui o operário recolhe a areia da beira do rio, mais a terra necessária às Olarias, além de pedras de alicerce, telhas e cimento vindos de amáveis vizinhanças para construir o endereço de seus filhos, cujas obras são feitas com suor, abnegação, determinação, esperança e até mesmo lágrimas.
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Muitos – sim – são os orgulhos Cerritenses, nesse berço que batiza os seus filhos nas águas doces do Piratini, e que os vê crescer em meio à calmaria e aos silêncios necessários, burilando-os para a vida e encaminhando-os pelas trilhas de chão batido em busca de seus próprios sonhos, todos eles sob a proteção de uma Lua cheia, mais as imagens sempre encantadoras do Cruzeiro do Sul e das Três Marias.
Isso é o Cerrito!
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Esses seus longos silêncios em noites de primavera perfumada são guardados lá no fundo da alma de cada um de seus filhos. Esse é o “lado de cá”, tão identificado com a história desse vizinho inseparável de quem já foi Distrito: – CANGUÇU!
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Mas esse também é o Cerrito de seus códigos, a partir de 1893, quando sua estação de trem orgulhava-se de seu “telégrafo”, um sistema de comunicação à distância baseado na emissão de impulsos eletromagnéticos. (foto).
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Alcançava-se ali – e para orgulho geral – a era da comunicação à distância – baseada em códigos, em sons e em impulsos, tornando-se o ” moderníssimo” meio rápido de comunicação no Brasil entre os Séculos XVIII e XIX. A “Era da Informação” – orgulho dos nossos antepassados -venerava o pintor Samuel Morse, o inventor do telégrafo, lembrando-se sempre de sua frase histórica quando da inauguração de uma linha construída entre Baltmore e Washington, no ano de 1844: – “What hath god wrought”, que obra fez Deus!”
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Por fim vale dizer que o Cerritense de todos os tempos também volta-se para a poesia, inspirando-se numa lição de Eça, aquela que fala em vida simples e de recolhimento, tendo por atenção a água cristalina dos poços, a calmaria das sangas, a poesia das trilhas, a sombra das árvores e por única preocupação o crescer dos jasmins, dos lírios, das rosas e das violetas…
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Lá no Cerrito os relógios não passam de enfeites de parede porque o que vale é a hora do Sol, momento este capaz de facilitar a interpretação da própria vida – efêmera que é – e de mostrar através dos espelhos dágua do Piratini – nem sempre transparentes – algumas imagens capazes de permitir uma silenciosa reflexão quanto à passagem do tempo e a crueldade das suas garras. (CR)
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*Jornalista e coordenador do Treze Horas há 46 anos.
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